Ayres Britto chama à tribuna o advogado Ronaldo Garcia Dias,
que defende Romeu Ferreira de Queiroz.
Romeu Queiroz, segundo a
Procuradoria, recebeu R$ 102 mil para o seu nome na campanha de 2004. Atribuiu
ao ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto a responsabilidade pelo repasse
de cerca de R$ 350 mil do PT para o PTB. Admitiu o recebimento dos R$ 102 mil
de um cliente das agências de Valério, mas afirmou que o dinheiro foi utilizado
para campanhas municipais de interesse do PTB. Negou ter participado de esquema
de compra de votos. O advogado destaca que Romeu Queiroz é um
empresário "muito bem sucedido" de Minas Gerais. "Ele não teve
de forma nenhuma abalada a sua credibilidade em razão deste processo, embora
tenha ele ensejado sofrimento", afirmou Garcia Dias.
O advogado afirma que Romeu Queiroz recebeu recursos da
SMP&B, agência de Marcos Valério, como emissário do PTB, já que era
presidente do partido em Minas Gerais. “Esses valores em absoluto passaram para
o parlamentar Romeu Queiroz, passaram para o dirigente partidário Romeu
Queiroz”, afirmou.
“Ninguém disse para o Romeu Queiroz: 'Olha, esse dinheiro
veio do subterrâneo'. Não, não. O dinheiro veio do PT. Tinha uma aparência de
origem sadia".
Os recursos que o MPF acusa Romeu Queiroz de ter recebido da
SMP&B eram advindos do PT e da empresa Usiminas para financiar
campanhas do PTB nas eleições de 2004, diz o advogado. Segundo ele, o
presidente da Usiminas admite que realizou as doações ao partido.
Advogado diz que Delúbio Soares avisou o PTB que tinha
dinheiro disponível do PT. Ele negou envolvimento de Romeu Queiroz na
negociação e nos saques e que o ex-deputado tivesse usado do dinheiro em
proveito próprio.
O advogado nega que o dinheiro recebido por Romeu Queiroz foi
para compra de votos. Lembra que o PTB fazia parte do governo Lula e que o
ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, era do partido. A liderança do
PTB na Câmara orientava a base do partido a votar com o governo, diz.
O advogado cita o escritor Gabriel Garcia Marquez e diz que
alguns veículos de imprensa "estão trazendo crônicas de uma sentença
anunciada" do mensalão.
O ministro Ayres Brito chama o último defensor a usar da palavra no dia de hoje, O advogado Inocêncio Mártires Coelho. Ele defende o ex-deputado José Borba (PMDB-PR), que se elegeu prefeito no interior do Paraná em 2008.
Deputado do PMDB na época, José Borba é acusado de receber R$ 200 mil para votar com o governo pelo mensalão.
Advogado diz que Ministério Público Federal não foi capaz de apresentar provas contra os réus do mensalão. “No presente caso, pode-se dizer que o essencial do debate tem tratado, sobretudo, daquilo que o Ministério Público não conseguiu provar, embora lhe coubesse esse ônus sob pena de tornar inconsistente a peça acusatória",afirma.
Para a defesa, a denúncia contra José Borba se baseia nos depoimentos do publicitário mineiro. “Quem é Marcos Valério? Trata-se de um personagem cuja própria denúncia afirma que apresentou informações inconsistentes. É neste informante que o MPF se apóia para dizer que ele recebeu determinadas quantias por sua atuação, que só pode ser a atuação parlamentar", diz o advogado Mártires Coelho.
O advogado afirma não haver provas materiais de que José Borba foi beneficiado pelo mensalão. “A própria denúncia reconheceu não haver prova material do recebimento do determinado valor por José Borba. Mesmo assim o Ministério Público formulou acusação contra José Borba valendo-se da tática: Se colar, colou’”, afirmou.