segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Mensalão

Leitura do relatório: segundo dia – 4
O relator, ministro Barbosa, segue relatando fatos que comprovam o envolvimento criminoso de Henrique Pizzolato, diretor de marketing do Banco do Brasil.
Pizzolato admitiu ter pago R$ 100 mil em espécie na compra de um apartamento pouco tempo depois de ter recebido a vantagem indevida, diz Barbosa.
Está comprovado que Pizzolato recebeu vantagem indevida para autorizar repasses a agência de Valério, afirma Barbosa. "Valério, Ramon e Cristiano Paz foram diretamente beneficiados pela ação de Pizzolato".
“Concluo que os réus Marcos Valério, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach praticaram os crimes de corrupção ativa, materializado no pagamento de propina ao réu Henrique Pizzolatto”.
Neste momento, o relator do processo passa a analisar as suspeitas de lavagem de dinheiro envolvendo o núcleo do Banco do Brasil.
Depois de ler parte do relatório e relembrar provas e depoimentos já apresentados, o ministro Joaquim Barbosa declarou:
“Portanto, as provas também são uníssonas no sentido de lavagem de dinheiro quanto ao réu Henrique Pizzolato”.
Sobre o ex-ministro da Secretaria de Comunicação do governo Lula, Luiz Gushiken, Barbosa lembra que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu sua absolvição por falta de provas. "Razão pela qual eu o absolvo.".
Barbosa conclui o voto para condenar o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e os sócios Marcos Valério, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach por corrupção ativa e peculato. E para absolver o ex-ministro Luiz Gushiken.

Mensalão

Leitura do relatório: segundo dia - 3
A sessão recomeça com a continuação da leitura do voto do ministro Joaquim Barbosa. No retorno do intervalo, o presidente do STF, Carlos Ayres Britto, comunicou os colegas que  recebeu a petição da defesa de réus questionando o fatiamento do julgamento.
Barbosa cita movimentações financeiras milionárias da DNA Propaganda, agência de Marcos Valério.
“No curso da ação, comprovou-se que os recursos foram destinados ao pagamento de parlamentares indicados por Delúbio Soares”.
Barbosa cita laudo segundo o qual os valores eram depositados na conta da DNA no Banco do Brasil. Em seguida, eram transferidos a fundos de investimentos do próprio banco, mas contas diferentes. Segundo o relator, a outra conta servia para que fossem realizados os saques a fornecedores.
Foram emitidas dezenas de milhares de notas fiscais falsas, diz Barbosa citando informações de laudo de peritos.
“O laudo concluiu serem fraudulentas as notas fiscais emitidas pela DNA para justificar o recebimento dos repasses feitos por determinação do então diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato”.
Órgãos de auditoria interna se manifestaram sobre a necessidade de controle sobre os repasses autorizados à DNA, diz o relator, estes que "consumaram o crime de peculato". Além disso, diz Barbosa, laudos também informam não ser possível concluir que os serviços contratados entre DNA e Banco do Brasil foram efetivamente executados. Com isso, a omissão de Henrique Pizzolato permitiu que a agência usasse os valores oriundos do Visanet, completa Barbosa. O desvio de dinheiro em proveito da DNA Propaganda foi perpretado por Pizzolato em troca de vantagem indevida no montante de mais de R$ 326 mil em espécie, diz o relator.
Segundo Barbosa, em 26 de maio de 2003, a SMP&B tomou empréstimo no Banco Rural de R$ 19 milhões e transferiu para a DNA quitar empréstimos com o Banco do Brasil. "Esses empréstimos serviram para dissimular os desvios de recursos do Banco do Brasil para benefício próprio de Valério e seus sócios, e pelas pessoas indicadas por Delúbio Soares", afirmou.
”Está assim comprovada a colaboração criminosa entre os acusados Marcos Valério, Ramon Rollerbach e Cristiano Paz”.
Barbosa diz também que a transferência de R$ 35 milhões na conta da DNA foi comandada por Henrique Pizzolato dias depois de receber vantagem indevida. As provas de corrupção e lavagem de dinheiro também são robustas, afirma Barbosa.

Mensalão

Leitura do relatório – segundo dia – 2
O relator, ministro Joaquim Barbosa, segue lendo seu voto em relação aos possíveis crimes praticados no banco do Brasil.
Ainda conforme Barbosa, a fraude foi "perpretada por omissão do então diretor de marketing do Banco do Brasil, agora réu". "Foi comprovadamente dolosa", complementou.
“O órgão de auditoria do Banco do Brasil já havia detectado várias irregularidades nos contratos da DNA Propaganda com o banco. Os fatos não foram praticados de maneira estanque, mas sim, concomitantemente. Empréstimos e outras formas de transferência de recursos”.
Além de todas as irregularidades que constaram nas auditorias, o conluio também é reforçado pelo fato de que Pizzolato mantinha reuniões com Marcos Valério, afirma Barbosa.
Conforme Barbosa, a SMP&B e a DNA passaram a ser controladas pelo mesmo grupo empresarial, havendo um vínculo subjetivo entre os sócios. As provas demonstram que eles tiveram reuniões com agentes públicos, pagando vantagem indevida, complementou o relator.
Joaquim Barbosa encerra a argumentação sobre o item 3.3 da denúncia e dá início ao tópico sobre a transferência de recursos do Banco do Brasil para a DNA Propaganda, por meio do fundo Visanet.
Mesmo que os recursos fossem privados, os réus estariam admitindo o mesmo crime de peculato, diz Barbosa. Segundo Barbosa, se o agente público, no caso o diretor de marketing do BB, desviou em proveito próprio dinheiro de que tenha posse em razão do cargo, público ou particular, está configurado o peculato.
De acordo com a Procuradoria, o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil recebeu R$ 336 mil do grupo de Marcos Valério, além de autorizar antecipação do recebimento de R$ 73,85 milhões do fundo Visanet para a DNA, a agência de Valério que tinha contrato de publicidade com o banco, sem a comprovação de que os serviços foram prestados.
Para a defesa, não houve desvio de recursos públicos porque o fundo Visanet é composto por recursos da iniciativa privada.
Relator fala em "simbiose" dos sócios das três empresas dos réus do mensalão, a DNA Propaganda, SMP&B e Graffiti.
"As informações são cristalinas", diz Barbosa. Segundo ele, a Visanet enviou dinheiro à DNA somente após autorização do Banco do Brasil. “Quem pagou a DNA foi o Banco do Brasil, a Visanet foi mera passadora dos recursos que pertenciam ao Banco do Brasil”.
"Embora Pizzolato não fosse o gestor do Banco do Brasil junto ao fundo Visanet, a atuação desse gestor dependia da sua prévia autorização", argumenta o relator.

Trensurb: Concurso público com 690 vagas
Foi publicada, em agosto, a homologação da empresa vencedora – Objetiva Concursos – do pregão eletrônico para prestação de serviços especializados de seleção do concurso para ingresso na Trensurb. Segundo a chefe do Setor de Seleção e Treinamento (Setre) da empresa metroviária, Rita de Cássia Sironi, a formulação do edital do concurso ocorrerá a partir da assinatura de contrato com a Objetiva. O concurso visa ao preenchimento de 690 vagas, sendo 30 imediatas e o restante para cadastro reserva, por  profissionais de nível médio, técnico e superior. Os vencimentos variam entre R$1.042,66 e R$4.282,44. 
As oportunidades são para: assistente operacional nas áreas de operação de estações (as 30 vagas imediatas, além de 250 para cadastro) e de segurança metroviária (100); técnico de contabilidade (50); técnico de administração (50); técnico em estradas (30); técnico em eletrotécnica (60); técnico em eletromecânica (10); contador, nas áreas de processo de gestão econônica e financeira (20) e de processo de auditoria (20); arquivista (10), bibliotecário (10); engenheiro civil (30); engenheiro civil na modalidade transporte (20); engenheiro eletricista (30). 
De acordo com Juliana Farias, administradora do Setre da Trensurb, a seleção irá contemplar prova de conhecimentos teóricos, avaliação médica admissional, checagem de pré-requisitos e comprovação de documentos.

Mensalão

Leitura do relatório – segundo dia - 1
Começou às 14h30 a sessão do STF que retoma o julgamento do mensalão. Contrariando a expectativa inicial, o presidente do Supremo, Carlos Ayres Britto, não abriu a sessão desta segunda com o voto do revisor do processo do mensalão, Ricardo Lewandowski. 
O relator, ministro Joaquim Barbosa, recomeça a ler seu voto, iniciando com a parte sobre os crimes relacionados ao Banco do Brasil e o polêmico bônus de volume. O suposto desvio de R$ 2,9 milhões do contrato entre a DNA e o Banco do Brasil é um dos argumentos usados por Gurgel para pedir a condenação do grupo de Valério e de Henrique Pizzolato. O valor seria referente ao chamado "bônus de volume", comissões recebidas dos meios de comunicação que veicularam anúncios do Banco do Brasil, segundo a defesa de Valério. Em vez de repassar os valores ao banco, a DNA teria usado o dinheiro no esquema, segundo a Procuradoria.
“A apropriação violou cláusula contratual expressa e ainda configurou crime de peculato. Todos os descontos de que a DNA é acusada de ter se apropriado foram concedidos expressamente ao Banco do Brasil, não se referindo a alegados planos de mídia. Daí porque, ao contrário do acórdão do TCU, aqui se trata de compras feitas por entidades da administração pública, sem relação com a DNA. Não faz sentido uma das empresas devolver esse bônus de volume num contrato e em outro não devolver”.
Fica evidente, portanto, que o acusado deveria ter cumprido o dever de ofício e impedido a apropriação de valores pela DNA Propaganda, diz Barbosa.
Agora Barbosa relata como teriam sido feitos desvios por meio de verba do Banco do Brasil. Segundo o relator, houve omissão. "Deveria o banco ter adotado todas as providências", diz, citando relatório do TCU.
Grêmio: Fábio Koff é candidatíssimo
Gremistas ligados ao ex-presidente Fãbio Koff, garantem que ele será candidato à presidente do clube nas próximas eleições. Eles, inclusive, afirmam que Koff já tem nomes selecionados para sua assessoria. A chapa de Fábio Koff, no entanto, somente será oficializada depois do dia 14 de setembro, quando será publicado o Edital de convocação da eleição. No dia 25 de setembro ocorre o primeiro turno entre os conselheiros e, no dia 20 de outubro a eleição se dará entre os sócios do Grêmio.
Alguns nomes já estão praticamente certos entre os que participarão da diretoria, caso Fábio Koff seja o novo presidente. Renato Moreira, Adalberto Preiss e Nestor Hein são nomes fortes para assessorar Koff.
Mensalão: primeiras decisões podem sair hoje 
O julgamento do mensalão será retomado hoje à tarde (20), no Supremo Tribunal Federal (STF), com a expectativa das primeiras decisões de absolvição ou condenação dos réus. Conforme divulgado pelo presidente do STF, Carlos Ayres Britto, o julgamento será fatiado por situações criminosas, e o primeiro grupo deve ser colocado em votação logo no início da sessão.
Os ministros devem decidir se o ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha deve ser condenado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e duas vezes pelo crime de peculato. Também analisarão se Marcos Valério, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach, ex-sócios da SMP&B Comunicação, devem ser condenados pelos crimes de corrupção ativa e peculato.
O primeiro a votar, na última quinta-feira (16), foi o relator Joaquim Barbosa. Ele anunciou que votaria por capítulos, seguindo o modelo da denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal. Seu voto começou pelo primeiro item do terceiro capítulo, que trata das acusações de desvios de dinheiro na Câmara dos Deputados.
Para Barbosa, ficou provado que João Paulo Cunha recebeu propina de Valério e dos sócios dele para favorecer a SMP&B em uma licitação na Câmara. Na visão do relator, a SMP&B subcontratou todos os serviços e ainda recebeu honorários por isso. Barbosa também entendeu que João Paulo Cunha usou a Câmara para contratar uma empresa de assessoria para uso próprio.(Agência Brasil)

Rápidas

Mistério na TVE
Alegando cumprimento da lei, o presidente da TVE, Pedro Osório, negou acesso às cópias dos títulos apresentados pro três candidatos aprovados em concurso que não teve provas objetivas. A informação é da Página 10, de ZH, que diz ainda que são muitas as denúncias de candidatos preteridos.
Para o presidente da TVE, as informações são de caráter pessoal. A nota publicada em ZH questiona: “se tudo foi feito dentro da legalidade, por que o sigilo?”.

Veranico de agosto
Depois de ultrapassar os 30º em algumas regiões do RS no final de semana, a temperatura deve seguir alta, já que o ar seco que cobre o Estado, deverá permanecer. Para hoje, a previsão é de possibilidade de chuva e trovoadas. Entre hoje e amanhã, pode chover e ventar forte em algumas regiões. Na quarta-feira, o calor retorna com a volta do sol forte.

Novos ricos
Quatro apostadores acertaram as seis dezenas da Mega-Sena no último sábado. Cada um vai embolsar R$ 773.932,30. Os números sorteados foram 05, 12, 45, 52, 56 e 59. Na quina foram 83 acertadores que levarão R$ 20.247,46 cada um.

Querendo aumento
Bancários, petroleiros e comerciários, que representam 3 milhões de trabalhadores, estão na linha de frente das categorias de profissionais que preparam manifestações por aumentos reais nos próximos meses. Eles querem reajustes de até 10% além da reposição da inflação.

Esqueceram de mim?
Da coluna Começo de Conversa (Fernando Albrecht): De acordo com dados reunidos pela bancada do PSDB na AL, do total de R$ 1,347 bilhão previstos no Orçamento geral da União para este ano em obras do PAC, apenas 6,2%, ou R$ 83 milhões, foram liquidados. No Plano de Rodovias e Ferrovias anunciado nesta semana pela presidente Dilma Rousseff, o Estado não foi contemplado com nenhuma obra rodoviária.

Radar móvel
O radar móvel da EPTC estará fiscalizando a velocidade dos veículos que transitarem, hoje, pelas seguintes avenidas: Bento Gonçalves, Assis Brasil, Padre Cacique, Cristiano Fischer, Carlos Gomes, Manoel Elias, Severo Dullius, Plínio Kroeff, Dante Ângelo Pilla, João de Oliveira Remião, Protásio Alves, Nilo Peçanha e Salvador França.


Bom dia!
Confesso que senti falta de estar aqui, com vocês, no final de semana. Escrever e postar noticias no blog é algo que me completa. Acho que é o contato direto com meus amigos e amigas que buscam informações aqui, que faz o meu dia mais gratificante.
A ausência no sábado e no domingo, espero recompensar com muita informação, todos os dias da semana que estamos começando.
Pena que tenha que começar lamentando a repetição de um fato absurdo que envolve o futebol. Aquilo que deveria ser uma festa tem causado uma série de tragédias. Ontem, não foi diferente. No jogo entre Flamengo e Vasco, pelo Campeonato Brasileiro, uma briga de torcidas terminou com um morto e alguns feridos gravemente. Ouvi e li a notícia que até agora não consigo entender. Como é possível admitir que pessoas saiam para assistir a um jogo de futebol, para comemorar a alegria de ver seu time, armadas com revólver, bombas e facas. Até quando vamos ver pessoas morrendo vítimas da fúria imbecil de torcedores (?) que derramam sua boçalidade em confrontos com torcedores adversários. Será que as autoridades jamais conseguirão colocar um ponto final nesta barbárie?
Eu, que fui cronista esportivo, que torço e que tenho meus filhos também torcedores, faz muito tempo que não saio de casa para ir a um estádio. Prefiro ficar na frente da TV. Pelo menos aqui, estou mais seguro. Vibro e sofro sozinho com as vitórias e as derrotas do meu time, sem correr o risco de me defrontar com algum animal travestido de torcedor.
No vídeo de hoje, um clássico da música popular, com um dos reis da música internacional. Ray Charles cantando, no Festival de Montreux, em 1977, Georgia on my mind. Ouça e se delicie. A todos um Bom Dia!



Greve de servidores deve continuar

Governo ofereceu reajuste de 15,8% parcelados até 2015

A semana vai ser de muitas discussões e mobilização dos 850 mil servidores públicos federais representados pela Confederação dos Servidores Públicos Federais (Condsef), em torno das reivindicações que fazem ao governo para acabar com a greve. O movimento ocorre de forma parcial em todos os estados e no Distrito Federal. Na avaliação do presidente da entidade, Josemilton Costa, "o governo não deverá rever, pelo menos de imediato", o percentual de reajuste de 15,8%, parcelado até 2015.
Segundo Costa, até o dia 31 de agosto, data-limite para que o Executivo envie decreto ao Legislativo, com a previsão orçamentária da folha dos servidores para 2013, a categoria continuará pressionado o governo. Para esta segunda-feira, está marcada nova reunião dos servidores com o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Sérgio Mendonça. Ele se encontrou com os grevistas na sexta-feira e nesse sábado, mas para a Condsef "as conversas não resultaram em avanços".
O governo vem fazendo negociações em separado com algumas categorias. Na terça-feira está prevista nova reunião com servidores da Polícia Federal. Os delegados e peritos, que não fizeram greve, estão entre as categorias que receberam proposta de reajuste de 15,8%.
Para Josemilton Costa "não é possível a suspensão imediata da greve mesmo que o governo faça uma contraposta melhor, pois os resultados das reuniões têm que ser levados às bases nos estados e uma resposta só é possível em um espaço de três dias, depois que as assembleias tomam a decisão".

Documentos mostram ações de José Dirceu  
Governo federal libera ofícios enviados e recebidos por homem forte do início da gestão Lula que explicitam troca de cargos por apoio parlamentar, intervenção para audiência com empresa privada e investigações internas de integrantes da máquina pública
Documentos oficiais obtidos pelo Estado - entre correspondências confidenciais, bilhetes manuscritos e ofícios - revelam os bastidores da atuação de José Dirceu no comando da Casa Civil, entre janeiro de 2003 e junho de 2005. Liberados com base na Lei de Acesso à Informação, os papéis enviados e recebidos pelo homem forte do governo Luiz Inácio Lula da Silva explicitam troca de favores entre governo e partidos aliados, intervenções para que empresários fossem recebidos em audiências e controle sobre investigações envolvendo nomes importantes da máquina pública.
Dirceu deixou o governo em meio ao escândalo do mensalão, acusado de comandar uma "quadrilha" disposta a manter o PT no poder via compra de votos no Congresso - ele é um dos 37 réus do julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal. Desde a saída do governo, mantém atuação partidária e presta serviços de consultoria a empresas privadas no Brasil e no exterior.
Uma centena de ofícios dos primeiros anos do governo Lula agora tornados públicos trata quase exclusivamente da ocupação dos cargos públicos por partidos aliados. Sob a "incumbência" de Dirceu, Marcelo Sereno, seu chefe de gabinete e braço direito, despachava indicações de bancadas, nomeações e currículos para os mais variados cargos federais.
A troca de ofícios com o então presidente do PL (hoje PR), deputado Valdemar Costa Neto, não esconde os interesses de cada um. O assunto é a negociação de cargos-chave na Radiobrás. Em ofício arquivado na Presidência com o número 345/Gab-C.Civil/PR, Valdemar indica nomes à estatal federal de comunicação e acrescenta: "Certo de que V.Exa. poderá contar com apoio integral desta Presidência e da Bancada do Partido Liberal no Congresso."
Em 27 de fevereiro de 2003, Dirceu ordena que a demanda seja encaminhada ao então presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci.
Valdemar viria a ser denunciado mais tarde sob a acusação de integrar a "quadrilha" do mensalão por ter recebido dinheiro do valerioduto. Hoje deputado pelo PR, o parlamentar também aguarda a sentença do STF.
Os documentos liberados também mostram pedidos de colegas de partido de Dirceu. Em 11 de fevereiro de 2003, por exemplo, a deputada estadual petista Maria Lúcia Prandi envia mensagem onde diz tomar "a liberdade de estabelecer contato no sentido de solicitar audiência para tratar de questões referentes à condução de articulações no sentido de consolidar a relação partidária com as ações governamentais, em especial assuntos relativos à atuação desta parlamentar na Baixada Santista".
Outro ofício recebido pelo Planalto mostra o então presidente do Diretório Regional do PT em Sergipe, Severino Oliveira Bispo, pedindo a Dirceu para tratar da seguinte pauta: "1) Apresentação da relação dos nomes dos indicados para os cargos federais no Estado; 2) O que mais ocorrer".
A documentação liberada revela uma ordem da Casa Civil a favor de uma empresa. Em 13 de março de 2003, a pedido de Dirceu, Marcelo Sereno intermedeia pedido de audiência de representantes da Ondrepsb Limpeza e Serviços Ltda. no Ministério da Justiça. Naquele ano, a empresa de Santa Catarina recebeu R$ 2,9 milhões do governo federal. Em 2004, ganhou R$ 3,9 milhões. Segundo dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), a média de pagamentos dos três anos posteriores ao ofício foi 100% maior em comparação ao mesmo período que antecedeu a intervenção.
Controle
Os registros mostram ainda que Dirceu mantinha uma rede de informações que extrapolava os órgãos federais de investigação. O serviço era tocado pela Secretaria de Controle Interno. Vinculado à Casa Civil, comandado à época por José Aparecido Nunes Pires, celebrizado em 2008 por ter sido apontado como um dos autores do dossiê com dados sigilosos sobre os gastos com cartões corporativos no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Os documentos indicam, por exemplo, que Dirceu teve acesso - antes do ministro da Justiça da época, Márcio Thomaz Bastos - às gravações de um encontro entre o assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz e o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, no Aeroporto Internacional de Brasília. Fitas e documentos relacionados ao assunto chegaram ao ex-ministro pelo então chefe da Polícia Civil do Distrito Federal, Laerte Bessa.
As imagens foram gravadas pela segurança da Infraero atendendo a uma solicitação da polícia de Brasília, em uma investigação sigilosa. Só após passar pelo crivo de Dirceu é que a investigação foi remetida a Thomaz Bastos, hoje advogado de um dos réus do mensalão, o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado, e ex-defensor de Cachoeira. Questionada pela reportagem, a Casa Civil confirmou que dois agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) faziam na época parte da estrutura da Casa Civil e estavam subordinados ao então ministro.
Nota
Em outro caso, conforme os documentos, a atual presidente da Petrobrás, Graça Foster, foi alvo de investigações tocadas pela estrutura de Dirceu. Na época, ela ocupava o cargo de secretária de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia. Adversária do grupo político do então ministro, Graça foi questionada sobre contratos da empresa do marido, Colin Foster, com a Petrobrás.
A nota técnica 23/2004, encaminhada para a então ministra da pasta, Dilma Rousseff, levanta detalhes da atuação da empresa, contratos e considera "prudente" que Dilma, hoje no comando do País, tomasse conhecimento das denúncias. O documento com timbre de "urgente" ressalta que Graça Foster participava, inclusive, do Grupo de Trabalho, instituído pela Casa Civil, encarregado de apresentar estudos sobre a viabilidade de utilização do biodiesel como fonte alternativa de energia. (Estadão online)


Gurgel defende acusações contra José Dirceu
O documento foi apresentado na quinta-feira, 16, para preservar a validade de depoimentos como prova do suposto envolvimento do ex-ministro com o esquema do mensalão.
Depois de ter a sua principal prova contra José Dirceu questionada pelos advogados, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, entregou na última quinta-feira,16, um novo memorial aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) defendendo a validade de depoimentos como prova do suposto envolvimento do ex-ministro com o esquema do mensalão e reafirmando as acusações.
A iniciativa de Gurgel de apresentar um novo documento após a acusação e as sustentações orais das defesas provocou reações entre os advogados. Eles argumentam que conforme as regras dos processos penais, as defesas têm o direito de falar por último antes dos votos dos ministros.
Mas integrantes do STF consultados pelo Estado disseram que a prática é comum e que os próprios advogados dos réus também podem apresentar memoriais a qualquer momento. Esses documentos não podem trazer fatos novos, mas apenas reafirmar o que já foi sustentado ao longo do processo.
Gurgel fez a sua acusação no início do mês, logo após a leitura do relatório do ministro Joaquim Barbosa. Depois dele, os advogados dos 38 réus da ação do mensalão tiveram a oportunidade de falar por até uma hora para defender seus clientes. Após as sustentações orais, Joaquim Barbosa iniciou a leitura de seu voto na última quinta-feira. (Estadão online)