Candidatos
voltam a criticar leilão de Libra
Candidatos ao cargo de presidente nacional do PT aproveitaram
o debate realizado nesta segunda-feira para voltar a criticar o leilão de
Libra, promovido no dia 21 pelo governo, além de condenar a atuação do exército
para garantir sua realização. De acordo com Markus Sokol, apesar de não ter
ocorrido registro de violência mais grave "até com mortes", a ação
repressora para aterrorizar os sindicatos é condenável. "Houve
intimidação. (A violência) começa assim", afirmou.
Segundo
Valter Pomar, outro candidato ao cargo, é preciso ter uma postura de
autocrítica em relação ao governo petista. "O nosso partido tem que
estimular o governo brasileiro a não ter uma postura ambígua", disse, numa
referência à participação da força de segurança durante o leilão. "Não
foram setores do movimento sindical que se opuseram ao leilão, foi a CUT, que é
dirigida na sua maioria por petistas", explicou.
Para Rui Falcão, o atual presidente da sigla, que também
concorre para se manter no cargo, as manifestações contrárias à realização do
leilão foram "pequenas". "Havia uma oposição de 400
manifestantes que estiveram lá. É uma mobilização pequena", afirmou. Sokol
rebateu: "Houve intimidação", reforçou, acusando Rui de
"desprezar 400 trabalhadores".
O leilão da área de Libra, a maior do pré-sal com potencial de
produção de 12 bilhões de barris, foi realizado no dia 21 de outubro, no Rio de
Janeiro. Apenas um consórcio, formado pela Petrobrás, as chinesas CNOOC e CNPC,
a francesa Total e anglo-holandesa Shell participou do certame e arrematou o
campo por R$ 15 bilhões. A proposta de partilha determina o pagamento de 41,65%
do lucro em óleo para a União, o percentual mínimo exigido no edital.
Segundo Sokol, "um governo do PT tem a obrigação de receber
os trabalhadores para um debate". Ele alfinetou ainda o ministro de Minas
e Energia, Edison Lobão, a quem chamou de 'lobinho' por ser 'afilhado político
de José Sarney'. "Alguém estranhou ele não ter recebido os
trabalhadores?", questionou.
De acordo com Renato Simões, o debate do governo com os
trabalhadores e oposicionistas do leilão de Libra deveria ter acontecido antes
de sua realização. "Em nenhum momento conseguimos aquilo que era
essencial, que o partido debatesse o tema. O PT entra debaixo da mesa toda vez
que tem embate entre movimentos sociais e o governo", criticou. Segundo
Simões, "o protagonismo do PT está em crise". (Agência Estado)