domingo, 9 de março de 2014

Em jato da FAB

Ministro leva mulher ao carnaval
Foto: Agência Brasil
A oposição vai pedir à Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar o uso de aeronave oficial pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, durante o Carnaval. PSDB, DEM e PPS consideram que o ministro cometeu ato de improbidade administrativa por ter levado a mulher, Roseli Regis dos Reis, em avião da Força Aérea Brasileira (FAB) a três capitais nos dias de Carnaval: Salvador, Recife e Rio de Janeiro como revelado pela “Folha de S.Paulo”.
O ministro se deslocou às três capitais para participar de ações de mobilização e promoção do uso da camisinha durante o Carnaval. Chioro diz que fez uma “maratona”' de quatro dias a serviço do ministério “em prol da prevenção da Aids” e que levou a mulher para “evitar qualquer situação de exposição indevida”.
Líder do PSDB na Câmara, o deputado Antonio Imbassahy (BA) vai encaminhar a representação à PGR na próxima semana com o pedido de investigação. O documento será assinado pelos três partidos de oposição.
Aeronave. O decreto 4.244/2002, que disciplina o uso de aviões da FAB por autoridades, diz que os jatos podem ser requisitados quando houver “motivo de segurança e emergência médica, em viagens a serviço e deslocamentos para o local de residência permanente”. O decreto não diz quem pode ou não viajar acompanhando as autoridades.
Na capital baiana, Chioro e a mulher foram ao camarote Expresso 2222, comandado pelo ex-ministro da Cultura Gilberto Gil e sua mulher, Flora Gil. A assessoria da pasta diz que o Expresso 2222 foi parceiro do ministério na campanha.
O ministro também passou no camarote do governador Jaques Wagner (PT). No Rio, esteve no bloco Sargento Pimenta para participar de ação de prevenção a Aids. A assessoria de Chioro afirma que a mulher do ministro o acompanhou nos compromissos oficiais “sem qualquer custo adicional aos cofres públicos”. A comitiva oficial totalizou 11 pessoas, segundo a previsão de passageiros registrada no site da FAB. Na agenda oficial do ministro, porém, Roseli não aparece entre os integrantes da comitiva.

Tratamento dentário

Senadores pedem reembolso de até R$ 70 mil
Bancado exclusivamente pelo contribuinte - ou seja, a custo zero para os senadores, ex-senadores e seus dependentes - o plano de saúde do Senado paga despesas que incluem implantação de próteses dentárias com ouro e até sessões de fonoaudiologia para melhorar a oratória e driblar a timidez. Alguns senadores chegam a gastar até R$ 70 mil por tratamento dentário.
Documentos mostram que, nos últimos cinco anos, a Casa autorizou tratamentos milionários, principalmente odontológicos. Tudo sem fazer perícia física dos pacientes nem definir limites de cobertura. Os gastos com os dentes dos senadores e outros tratamentos médicos, como sessões de psicoterapia e fonoaudiologia, atingiram média de R$ 6,2 milhões anuais entre 2008 e 2012 - 62% desses valores dizem respeito unicamente ao reembolso de notas fiscais e recibos. A reportagem obteve as despesas efetuadas em 2013, que ainda não foram consolidadas pelo Senado. A estimativa é que a média de gasto tenha se mantido inalterada.
O plano de saúde do Senado é vitalício. Ele banca despesas de senadores, ex-senadores e dependentes como filhos, enteados e cônjuges. Para usufruí-lo, o parlamentar não precisa fazer nenhuma contribuição - basta que tenha exercido o cargo por 180 dias ininterruptos. Após a morte do titular, o cônjuge continua usando a carteirinha. Como não há uma lista detalhada de procedimentos cobertos, os beneficiários se sentem à vontade para incluir em seus gastos todo tipo de serviço especializado.
Senador licenciado, o ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB-RJ), apresentou em 2010 notas que somam R$ 42 mil. No ano anterior, o Senado ressarciu despesas de R$ 23 mil para tratamento dentário com um toque de requinte: a reabilitação da boca na parte direita superior foi feita com coroas de cerâmica e pinos em ouro odontológico. No mercado, segundo especialistas, esse ouro custa mais que o metal na sua versão convencional, nas joalherias, e dificilmente é coberto pelos planos odontológicos.
Pedro Simon (PMDB-RS) conseguiu ressarcimento de implantes dentários que totalizam R$ 62,7 mil em 2012. "Fiz para aquele ano e com pedaço (da cota) do ano seguinte, em duas parcelas", explica o senador gaúcho. "Digo mais: foi feito a esse preço porque chorei, chorei e foi um preço bem menor. O valor inicial era coisa de R$ 80 mil a R$ 85 mil."
Em ação civil pública em tramitação na Justiça Federal, o Ministério Público, ao analisar os gastos efetuados até 2010, considerou que os "desembolsos envolvem valores exorbitantes, que fogem a qualquer padrão".(Agência Estado)