Oposição quer ouvir ex-diretor da
Petrobrás sobre compra de refinaria
Reportagem
do 'Estado' revelou que Dilma autorizou aquisição de unidade nos EUA, alvo de
investigações, mas agora presidente afirma ter sido induzida a erro em razão de
'documentos falhos'
Nestor Cerveró |
A oposição
vai apresentar requerimento para convidar o ex-diretor internacional da
Petrobrás Nestor Cerveró a prestar depoimento na Câmara dos Deputados sobre
acusação da presidente Dilma Rousseff de que a diretoria internacional
apresentou ao Conselho de Administração da companhia um resumo
"falho" e com "omissões" acerca da compra da refinaria de
Pasadena, no Texas (EUA), em 2006. A acusação feita por Dilma foi publicada
nesta quarta-feira, 19, em reportagem exclusiva do Estado.
Dilma era ministra da Casa Civil do
governo Lula e presidente do Conselho de Administração da Petrobrás quando deu
voto favorável ao negócio. A presidente justificou, em nota, que se baseou no
resumo que agora ela classifica de "falho" e "omisso".
A presidente afirmou, ainda, que o conselho não teria aprovado pontos do negócio se tivesse todas as informações sobre as cláusulas do contrato. Cerveró era o diretor da área internacional da Petrobrás em 2006 e participou da reunião do Conselho de Administração quando fez uma explanação sobre Pasadena. Atualmente, ele é diretor financeiro da BR Distribuidora. O Estado apurou que Cerveró é apadrinhado do ex-ministro José Dirceu.
O líder do PPS na Câmara, deputado
Rubens Bueno (PR), afirmou que vai tentar furar o bloqueio governista com a
ajuda do PMDB, em crise com o Planalto, para aprovar o convite nas comissões de
Fiscalização e Controle e de Relações Exteriores. "A Petrobrás se transformou
num grande aparelho do PT em negócios escusos que agora envolvem a
presidente", afirmou o líder. "Se o governo não tomar cuidado, vem a
CPI. Trata-se de mais uma prova do despreparo da presidente. Você não pode
presidir um conselho de uma empresa dessas e depois dizer que foi
enganada", complementou o presidente nacional do partido, deputado Roberto
Freire (PE).
A oposição também vai requisitar à
Petrobrás cópia do resumo da área internacional que teria respaldado a votação
do conselho a favor do negócio. A empresa mantém os documentos em sigilo e se
recusa a comentar os fatos com a imprensa.
A refinaria de Pasadena foi comprada
em duas etapas. Em 2006, já era considerada obsoleta quando o conselho
presidido por Dilma avalizou a compra. Mais tarde, após uma disputa judicial, a
Petrobrás se viu "obrigada" a comprar a outra metade da refinaria, o
que custou ao final US$ 1,2 bilhão.
Matéria publicada no portal do jornal Estado de São Paulo em 19.03.14