Dirigentes da Petrobras rebatem afirmações de Dilma
Dirigentes da Petrobras afirmam que, como presidente do Conselho de
Administração da estatal, Dilma Rousseff tinha acesso a todos os documentos
produzidos sobre a refinaria, incluindo pareceres jurídicos, antes de dar seu
voto pela aprovação da polêmica compra da planta no Texas, EUA, informa o
jornal O Estado de S. Paulo na edição desta quinta-feira.
A presidente da República justificou em nota oficial que só aprovou a
compra de 50% da refinaria americana em 2006, quando era chefe da Casa Civil do
governo Lula e comandava o conselho, porque recebeu "informações
incompletas" e uma "documentação falha". Se tivesse todos os
dados, disse a petista na nota, "seguramente" a compra da refinaria
não seria aprovada.
O negócio de Pasadena é investigado pela Polícia Federal, Ministério
Público, Tribunal de Contas da União e uma comissão externa da Câmara por
suspeita de superfaturamento e evasão de divisas. A oposição a Dilma no
Congresso tenta também aprovar uma CPI sobre o caso.
Dilma afirmou nessa nota que, se soubesse de cláusulas como a que
obrigava a Petrobras a comprar o restante da refinaria em caso de
desentendimento com sua sócia, não teria chancelado o negócio, que custou R$
1,18 bilhão aos cofres da estatal.
Cláusulas como a Put Option, que obriga uma das partes a comprar as
ações da outra em caso de desacordo, são consideradas praxe na rotina jurídica
da Petrobras, segundo dois diretores ouvidos ontem, nos bastidores, pela
reportagem. Num contrato celebrado pela Petrobras com uma sócia na Argentina em
2003, por exemplo, a cláusula estava presente.
Um terceiro diretor, hoje senador, Delcídio Amaral (PT-MS ), também
sustenta a disponibilidade de informações a quem está no conselho. "Acho
pouco provável que algum processo chegue ao conselho (de administração da
Petrobrás) sem estar devidamente instruído para liberação dos diretores e
conselheiros", afirmou o representante do PT, que comandou a área de Gás e
Energia da Petrobras e é apontado como um dos padrinhos de Nestor Cerveró na
estatal.
Cerveró comandava a Área Internacional da Petrobras em 2006 e foi
responsável pelo "resumo técnico" enviado ao conselho naquele ano
para que a compra da refinaria de Pasadena fosse aprovada ou não.A estatal não
se pronunciou oficialmente ontem. A presidente da companhia petrolífera, Graça
Foster, era esperada em evento em São Paulo, mas cancelou sua participação na
última hora.(Agência Estado)