Maioria dos
uruguaios é contra lei
64% da população é contra a
legalização da produção e venda da maconha, indicam pesquisas; oposição defende
revogação da norma
Segundo as últimas pesquisas, a
maioria da população uruguaia é contra a lei que legaliza o consumo, a venda e
a produção de maconha no país. De acordo com a sondagem do instituto Cifra,
divulgada na quarta-feira, 64% dos uruguaios são contra a lei, dois pontos
porcentuais a menos do que em 2012, e 62% dos entrevistados gostariam que ela
fosse revogada.
A pesquisa mostra que somente 27% dos
uruguaios concordam com a lei, que foi aprovada no fim do ano passado. “Os
uruguaios não apoiavam o projeto quando ele era debatido e também não concordam
com ele, agora que é lei. A opinião pública não avançou. É uma estabilidade
muito estranha”, disse o relatório do instituto.
O que mudou foi o porcentual da
população que defende a revogação da norma. Em março, 51% responderam que a lei
tinha de ser mantida, enquanto 42% preferiam derrubá-la. Hoje, 62% dos
uruguaios querem acabar com ela, enquanto 32% preferem mantê-la.
As organizações sociais, no entanto,
afirmam que atualmente há mais receptividade na população com relação à
maconha. “Temos pessoas de mais de 60 anos vindo à nossa sede para consultar
sobre os usos medicinais da maconha, com menos prejuízo ao consumo”, disse ao
Estado Laura Blanco, da Associação de Estudos Canábicos do Uruguai.
Oposição. Em 2012, o presidente José Mujica disse que a norma necessitava do
apoio da população para funcionar. “Não pretendemos, neste problema, onde há
tantas coisas em jogo, ficar à frente das pessoas. Se 60% dos uruguaios não
entenderem o problema e não nos respaldarem, não dará certo”, disse.
O Uruguai terá eleições presidenciais
em outubro e vários candidatos de partidos opositores disseram publicamente que
revogariam a lei se fossem eleitos. O candidato a vice-presidente do Partido
Nacional, o senador Jorge Larrañaga, e o candidato a presidente do Partido
Colorado, o também senador Juan Pedro Bordaberry, defendem a revogação.
O candidato do partido governista
Frente Ampla, Tabaré Vázquez, apoia a lei e disse inclusivo defender a
regularização do consumo de cocaína. Segundo as últimas sondagens, a Frente
Ampla tem entre 43% e 42% das intenções de voto.
Produção. Nesta semana, o instituto Factum divulgou que, caso haja um segundo
turno no Uruguai, 51% dos eleitores votariam na Frente Ampla e 46%, no Partido
Nacional, que são as duas legendas com mais chances de vencer.
Hoje, a lei uruguaia permite o
consumo de 40 gramas de maconha por mês, que poderão ser adquiridos nas
farmácias em doses de 10 gramas por semana. A possibilidade é somente para
uruguaios ou residentes maiores de 18 anos.
A droga será produzida por empresas
privadas, com controle estatal. A lei também permite o cultivo autônomo de até
seis plantas de maconha e a criação de clubes de fumantes que poderiam ter
entre 15 e 45 sócios.
Apoio. O governo anunciou que, no fim do ano, começará a venda de
maconha. Um grama custará 22 pesos uruguaios (em torno de R$ 2). Segundo o
instituto Cifra, a posição contrária à lei tem mais apoio nos partidos
opositores: 86% dos eleitores do Partido Nacional e do Colorado não gostam da
norma. Na Frente Ampla, a opinião é dividida: 41% dos eleitores são contra e
46% defendem a lei. (Agência Estado)