Contadora diz que Yousseff era um banco
A contadora Meire Bonfim da Silva Poza, que trabalhou
para o doleiro Alberto Youssef, afirmou nesta quarta-feira (13), em depoimento
ao Conselho de Ética da Câmara, que Youssef atuava como um "banco" e
que repassava dinheiro para diversos políticos, entre eles o deputado federal
Luiz Argôlo (SD-BA).
"O Alberto [Youssef] era
um banco. Eu não teria uma relação das pessoas para quem ele emprestava. Ele
pagava contas, dava dinheiro, dava presentes, emprestava. Ele pagava diversas
contas, fazia TEDs [transferências eletrônicas], pagamentos. Por exemplo, eu
fazia pagamentos que eu não tenho conhecimento do que se tratava. Às vezes
vinha um pagamento e ele falava só para eu pagar", disse.
Ao ser questionada sobre para
quais deputados o doleiro repassou dinheiro, ela afirmou: "Eu preferia
hoje me limitar a falar sobre o deputado Luiz Argôlo. E, sim, houve entrega de
dinheiro para o deputado Luiz Argôlo."
Perguntada se poderia
confirmar que houve pagamentos a outros políticos, mesmo sem citar nomes, ela
disse: "Sim, houve".
Durante o depoimento no Conselho de Ética, Meire Poza
citou um episódio em que o deputado viajou para São Paulo para receber dinheiro
de Youssef. "Ele chegou a receber, sim. Inclusive, da última vez em que
esteve em São Paulo foi para buscar dinheiro. Ia embora naquele mesmo dia. E
não pôde ir embora porque o dinheiro não chegou. E ficou em São Paulo mais um
dia para pegar no dia seguinte."
Meire afirmou não ter
informações sobre o valor que o deputado recebeu.
O deputado Marcos Rogério
(PDT-RO) perguntou, então, se pagamentos foram feitos para outras pessoas. Ela
disse que pagamentos foram feitos para um parente do deputado, Manoelito
Argôlo, e para Elia Da Hora, que seria um "contato" do parlamentar.
"O Manoelito Argôlo ficou fácil de saber quem era e
a dona Elia, numa ocasião, o próprio deputado que estava á no escritório falou
que tinha que mandar naquele dia para a Elia. E foi quando eu associei que a
Elia era um contato dele."
Segundo a contadora, Youssef e
Argôlo tinham relação "carinhosa" e o doleiro tratava o parlamentar
como "bebê Johnson". "Era uma relação carinhosa, ele era tratado
como bebê Johnson."
Meire Poza afirmou ainda se
lembrar de um depósito para o próprio Argôlo no valor de R$ 60 mil. "Sim,
R$ 60 mil por mim depositados. Foi feita uma TED de R$ 47 mil para dona Elia Da
Hora, esse eu me lembro os valores e posso afirmar agora. Os outros eu não me
lembro." (Com G1/conteúdo)