terça-feira, 7 de outubro de 2014

Editorial

Alívio e esperança

O ESTADO DE S.PAULO
07 Outubro 2014 

"Ufa!" A exclamação do leitor, estampada no Fórum dos Leitores na edição de ontem do Estado, resume o sentimento de alívio com que a maioria dos brasileiros conheceu o resultado da votação de domingo, que, ao colocar no segundo turno do pleito presidencial um candidato de oposição com reais possibilidades de ser eleito no próximo dia 26, demonstra que foi dado o primeiro passo para dar um fim à nefasta sequência de governos lulopetistas. A soma da votação dos dois principais candidatos de oposição, Aécio Neves e Marina Silva - mais de 57 milhões (56,8%) - contra os 43,2 milhões (41,6%) obtidos por Dilma Rousseff, mostra sem a menor sombra de dúvida que o povo brasileiro considera esgotado o prazo de validade da permanência do PT no poder.

A tarefa de concretizar o sentimento de verdadeira mudança manifestado nas urnas é agora a responsabilidade maior dos dois grupos políticos que, reunidos em torno de Aécio Neves e de Marina Silva, foram os indutores de um resultado adverso ao lulopetismo na primeira fase da votação presidencial. É do entendimento democrático entre essas duas forças, colocando o interesse nacional acima das conveniências partidárias ou pessoais, que depende em boa parte a oportunidade que deve ser oferecida ao povo brasileiro de promover a grande mudança a que tanto aspira. E tudo indica que esse entendimento pode estar a caminho.

E mesmo na indesejável possibilidade de que as forças políticas que apoiam Aécio e Marina não se mantenham íntegras para marcharem unidas no segundo turno, nada impede que o sentimento oposicionista simbolizado pelo claro desejo nacional de mudança prevaleça nas urnas do dia 26. Afinal, as lideranças político-partidárias influenciam, mas não dominam, o arbítrio do eleitor. E isso ficou muito claro no último mês da campanha do primeiro turno, quando a maioria do eleitorado oscilou entre os nomes de Aécio e de Marina, mas jamais teve abalada a sua determinação de votar contra o PT.

A votação de Dilma Rousseff no primeiro turno ficou abaixo do indicado pelas pesquisas - inclusive a de boca de urna -, mas foi notável a vigorosa recuperação de Aécio Neves, que até poucos dias antes amargava o terceiro lugar, com índice de intenção de voto abaixo dos 20%. Numa extraordinária demonstração de força de vontade e competência política, quando as circunstâncias lhe pareciam adversas, o ex-governador mineiro foi à luta com determinação redobrada e, passo a passo, recuperou com sobras o eleitorado que estava perdendo para a candidata do PSB. Acabou obtendo nas urnas quase 35 milhões de votos (33,5%), logrando reduzir para apenas 8 pontos porcentuais uma vantagem de Dilma que chegara a cerca de 25 nas pesquisas de opinião.

Por outro lado, a reversão da trajetória ascendente que Marina Silva vinha cumprindo até o início de setembro foi o resultado, em parte, dos ataques contundentes que sofreu por parte de Dilma Rousseff e do PT, muitas vezes mentirosos e indignos, mas, sobretudo, da falta de quadros e de estrutura partidária de sua base de apoio.

Agora, a disputa começa em outros termos. Dilma Rousseff já não contará com a enorme vantagem de tempo na propaganda dita gratuita no rádio e na televisão. O tempo será agora dividido igualmente entre os dois candidatos. Dez minutos diários para cada um que o PT, por sua vez, dividirá entre a tentativa de, a qualquer preço, demolir a reputação de Aécio Neves e a manipulação de imagens, dados e estatísticas para escamotear o fato de que os quatro anos de mandato de Dilma Rousseff têm sido um retumbante fracasso, sob qualquer ponto de vista.

A Aécio Neves caberá demonstrar, com seu programa de governo e o apoio de uma equipe idônea e comprovadamente competente, que os tucanos e seus aliados estão prontos para resgatar o Brasil de uma sequência de maus governos. Prontos para resgatar o Brasil do populismo irresponsável que ameaça a todos, especialmente os pobres, com recessão econômica e inflação. E prontos para resgatar a moralidade na administração da coisa pública, que foi levada ao fundo do poço pela corrupção que contamina o aparelho estatal.

Eleições – Segundo Turno (3)

Ana Amélia também apoia Sartori.

Em nota oficial divulgada nesta terça-feira, a coligação que apoiou a candidatura de Ana Amélia Lemos (PP) ao governo do Estado, anunciou apoio ao candidato José Ivo Sartori (PMDB). O apoio contou com a aprovação dos presidentes estaduais do PP, PSDB, SD e PRB.
 Para a coligação “Esperança que une o Rio Grande”, o programa do peemedebista “representa o projeto mais identificado com as propostas que defendemos”. A decisão, agora, será comunicada aos dirigentes dos partidos coligados, especialmente às bancadas federal, estadual, prefeitos, vices e vereadores.

Eleições – Segundo Turno (2)

PDT define apoio a Sartori

Depois de uma reunião realizada nesta segunda-feira, a Executiva Estadual do PDT definiu apoio incondicional ao candidato José Ivo Sartori (PMDB) no segundo turno das eleições para o governo do Estado. Foram ouvidos os 12 membros presentes à reunião e consultados, por telefone, todos os deputados eleitos pela legenda.
“Nesta consulta houve um indicativo majoritário e muito claro de apoio a Sartori. Este indicativo será apreciado em reunião com líderes de todo o Estado, mas a tendência da base do partido é essa”, afirmou o presidente Pompeo de Matos.
Ele salientou que o senador eleito, Lasier Martins e o candidato do partido ao governo, Vieira da Cunha, aprovaram a decisão. Se posicionaram contra o apoio o ex-governador Alceu Collares e os deputados eleitos Afonso Motta, Ciro Simoni e Marlon Santos. 
Após a reunião que acontecerá nesta quarta-feira, 8, às 18 horas, a decisão será oficialmente comunicada.

Economia

FMI reduz previsão de crescimento

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu, pela sexta vez seguida, sua previsão de crescimento da economia brasileira neste ano. Em julho, a previsão era de uma expansão de 1,3% e agora o Fundo cortou para uma alta de 0,3% em relatório divulgado nesta terça-feira.
Caso seja confirmada a previsão, será o segundo pior resultado desde 1998, quando a economia brasileira não registrou crescimento.

Depois de recuar 0,2% no primeiro trimestre, a economia brasileira encolheu 0,6% no segundo. Com a seqüência de dois trimestres seguidos de resultado negativo, fica configurado o quadro que os economistas chamam de recessão técnica.

Eleições – Segundo Turno

Corrida em busca de apoios


A disputa do segundo turno, está provocando uma corrida nervosa de candidatos e partidos em busca de apoios e, é claro, de votos que ajudem uma desejada vitória. Tanto aqui, na disputa que envolve Sartori e Tarso, como no Planalto, onde a batalha envolve Aécio e Dilma, as alianças são o alvo principal dos guerreiros.

Em termos de presidência, parece que a tendência dos correligionários de Marina Silva é de apoiar Aécio Neves. Eles não perdoam Dilma e o PT pela campanha considerada difamatória e que acabou tirando Marina da disputa.

Em Pernambuco, terra de Eduardo Campos, o PSB já disse que prefere Aécio, inclusive com a adesão de familiares do candidato que morreu durante a campanha.

Os mineiros, que elegeram o candidato do PT ao governo e votaram majoritariamente em Dilma, devem repensar o voto. Agora terão que decidir entre um ex-governador, um candidato local, e a presidente, que nasceu em Minas mas tem sua vida construída no Rio Grande do Sul. Lá, a votação de Aécio deverá subir.

Dilma, que tem ampla vantagem nos estados do Nordeste, precisa melhorar em São Paulo, principalmente, para não correr o risco de ver sua candidatura ser superada pela do tucano.

Aqui no Estado, a tendência parece ser de vitória de José Ivo Sartori, do PMDB sobre Tarso Genro, do PT. A Executiva do PDT já manifestou interesse em apoiar o ex-prefeito de Caxias do Sul e, agora, depende de ratificação do Diretório Estadual.

Ao mesmo tempo, dificilmente deixará de contar com o apoio dos eleitores de Ana Amélia, duramente criticada pelo candidato petista na campanha do primeiro turno.

Outro fato importante é que, no espaço de televisão, os tempos agora serão iguais e os debates colocarão apenas os dois candidatos frente a frente.


De qualquer forma, a dinâmica na política pode revelar surpresas de última hora o que, em se tratando de eleição, não é descartável.