Nada como um dia depois do outro!
O ditado pode ser antigo, mas não perdeu sua incrível e
verdadeira atualidade. Lembrei dele por dois motivos surgidos de leituras do começo
da manhã. Primeiro sobre o artigo do jornalista Juremir Machado – Quem era
radical? - no Correio do Povo e, depois,
a postagem do meu amigo Rick Jardim no Facebook. Começo pela postagem do Rick.
Antes de ser presidente da República, falando para uma platéia
que não se identifica perfeitamente no vídeo mostrado no Facebook, Lula diz
exatamente o seguinte sobre o movimento que levou ao impeachment de Fernando
Collor de Melo:
“Foi uma coisa importante. Pela primeira vez na América
Latina, o povo brasileiro deu a demonstração que é possível o mesmo povo que
elege, destituir esta política. Eu peço a Deus que o povo brasileiro nunca
esqueça esta lição”
Agora, o comentário do Juremir.
Depois de falar em radicalismo, citando pessoas e partidos,
como Luciana Genro, o PSol e o PT, classificados como radicais por alguns,
depois de afirmar que acha o Dem e o PSDB tão ou mais radicais e lembrar sua
convivência com políticos considerados radicais e escrever sobre o golpe que
derrubou Jango, foi para o fim de seu comentário, que reproduzo:
“Para que recordar disso? Talvez por estarmos vivendo um
clima que, em certos aspectos, lembra o do pré-64. Não, não teremos golpe
militar. Se depender de parte da mídia, teríamos um golpe branco com um
impeachment”
Entenderam o título – Nada como um dia depois do outro – do meu
comentário?
O líder petista, Luiz Inácio, pediu a Deus para que o povo
brasileiro não esquecesse que ele, povo, pode eleger e destituir um presidente,
como fez com Collor. Mas hoje, quando seu partido está no poder e surgem
manifestações como a dos caras pintadas, que ele ajudou a comandar, sai em
defesa da presidente Dilma, gritando que querer o impeachment, é uma tentativa de golpe.
Já o articulista do Correio do Povo, começa e termina seu
comentário falando em radicalismo para afirmar que, “em certos aspectos, lembra o do pré-64” e
que, “se depender de parte da mídia...”.
O que eu, e acredito que muita gente gostaria de saber, é
quais são os “certos aspectos” e quem é “parte da mídia”. Deixar a questão
assim, no ar, é envolver todo mundo sem falar em ninguém. Fácil, não?
Conclusão: Lula legitimou o impeachment de Collor, como um
marco político na América Latina, mas acha que querer o impeachment de Dilma é
um golpe. Mentia lá, ou mente aqui?
Juremir fala em certos aspectos que não define e afirma que parte
da mídia, sem dizer quem, deseja um golpe branco, referindo-se, certamente, ao
que está sendo divulgado sobre as manifestações pelo impeachment da presidente.
Será que ele vai me considerar radical?
Então, meus amigos, nada como um dia depois do outro. Lá em
São Gabriel, a gente acrescentava: “ mas com uma noite no meio”.
Tenham todos um Bom Dia!