US$ 1,5 milhão para facilitar a compra
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse em
depoimento prestado em setembro do ano passado à Superintendência da Polícia
Federal em Curitiba que recebeu US$ 1,5 milhão para não dificultar, em reunião
de diretoria, a aprovação da compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela
estatal.
Segundo
Costa, "boatos" que circulavam na empresa indicavam que "o grupo
de Nestor Cerveró [ex-diretor da área internacional], incluindo o PMDB e
Fernando Baiano [lobista que atuava na Petrobras], teria dividido algo entre
US$ 20 milhões e US$ 30 milhões, recebidos provavelmente da Astra" – a
Astra Oil é a empresa que vendeu a refinaria para a Petrobras.
O depoimento de Paulo
Roberto Costa sobre Pasadena foi disponibilizado nesta quinta-feira (22) no
andamento processual da Operação Lava Jato, que investiga esquema de desvio de
dinheiro da Petrobras.
No depoimento, Paulo
Roberto Costa afirmou que a compra da refinaria "não foi um bom
negócio" e que era "tecnicamente inadequada". Para defender a
compra da refinaria em reunião de diretoria da empresa, Costa disse ter
recebido do lobista Fernando Baiano – suposto operador do PMDB, o que o partido
nega – uma oferta de US$ 1,5 milhão, quantia depositada em uma conta em um
banco em Lichtenstein. Ele disse acreditar que o dinheiro tenha sido pago pela
Astra.
O ex-diretor declarou no
depoimento que era de conhecimento da diretoria que, para Pasadena "se
tornar útil" para a Petrobras, seria necessário um investimento inicial
elevado – de US$ 1 bilhão a US$ 2 bilhões – porque se tratava de uma refinaria "velha"
e que "não era adequada" para o refino de petróleo do tipo que a
Petrobras exportava.