quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Novo governo Dilma

Desemprego sobe no primeiro mês

O desemprego subiu no primeiro mês do novo governo Dilma: a taxa foi de 5,3% em janeiro na média de seis regiões metropolitanas do país (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre) acompanhadas pela Pesquisa Mensal do Emprego (PME) do IBGE. A taxa é a maior desde setembro de 2013, quando o percentual de desocupados foi de 5,4%. O desemprego avançou na comparação com os 4,8% registrados em janeiro do ano passado, e subiu 1 ponto percentual em relação aos 4,3% apurados em dezembro de 2014.

A taxa veio acima do esperado pelo mercado financeiro. Economistas ouvidos pela Bloomberg News esperavam que a taxa ficasse em 5% em janeiro, com projeções entre 4,5% e 5,6%.

Em janeiro, a população desocupada foi de 1,3 milhão de pessoas, o que representa 237 mil pessoas a mais que em dezembro (22,5%). Na comparação com janeiro de 2014, houve aumento de 10,7%, ou 125 mil pessoas.

Já a população ocupada chegou a 23 milhões, o que representa 220 mil pessoas a menos ou um recuo de 0,9% em relação a dezembro. Frente a janeiro de 2014, ficou estável. Houve ainda uma elevação de 237 mil pessoas no número daqueles em busca de trabalho.

Caminhoneiros

Governo cede mas não garante fim da greve 

Dilma afirma que não houve aumento no preço dos 
combustíveis, mas recomposição da Cide.



Após um dia de tensão e de reuniões com representantes dos caminhoneiros, empresas transportadoras e líderes dos setores afetados pelos bloqueios das rodovias, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, anunciou a conclusão de um acordo, com propostas (veja quadro) sendo aceitas pela maioria dos líderes das manifestações. A desmobilização nas estradas começou ainda ontem. Mas Ivar Luiz Schmidt, do Comando Nacional dos Transportes, retirado da primeira mesa de negociações por ter sido considerado “liderança excedente”, avisou, depois de reunião em separado com Rossetto, que o movimento está dividido e os protestos continuam.
Segundo o ministro, as medidas “cobrem grande parte das expectativas” dos manifestantes, mas afirmou que as propostas só seriam mantidas à medida que as estradas fossem liberadas. “Interessa aos caminhoneiros, à sociedade e ao país que haja suspensão do movimento”, ressaltou. O ministro assinalou, ainda, que a manutenção do valor dos combustíveis não é congelamento, mas uma informação da Petrobras.
Mais cedo, a presidente Dilma Rousseff disse que o governo não tem como baixar o preço do diesel e que não há aumento previsto. “Não mexemos (no valor do litro), o que fizemos foi recompor a Cide”, afirmou, se referindo à retomada da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico sobre combustíveis.

Bom Dia!


O editorial - Lula estimula o conflito social - do jornal O Estado de São Paulo, descreve exatamente a situação criada pelo líder máximo dos petistas em discurso no ato em defesa da Petrobras. Lula não teve meias palavras para dizer que conta com o exército do MST, para manter seu partido no poder.
Leia o editorial abaixo e diga se não estamos vivendo perigosamente.



Lula estimula o conflito social

O ESTADO DE S.PAULO
26 Fevereiro 2015 

No desespero para salvar o PT de um desastre que a incompetência do governo de Dilma Rousseff torna a cada dia mais grave, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ameaça incendiar as ruas com "o exército do Stédile", a massa de manobra do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Lula acenou com essa ameaça em evento "em defesa da Petrobrás" promovido na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, pelo braço sindical do PT, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Basta abrir as páginas dos jornais ou assistir ao noticiário da televisão para perceber que a radicalização política começa a levar a violência às ruas das principais cidades do País. De um lado, militantes de organizações sindicais e movimentos sociais, quase sempre manipulados pelo PT, aliados a radicais de esquerda; do outro lado, sectários antigovernistas engajados na inoportuna campanha de impeachment da presidente da República. Esses grupos antagônicos se agrediram mutuamente diante da ABI, pouco antes do evento protagonizado por Lula.

Diante do sintoma claro de que o agravamento da crise política em que o País está mergulhado pode acender o rastilho da instabilidade social, o que se espera das lideranças políticas é que ajam com responsabilidade para evitar o pior. Mas Lula, assustado com a possibilidade crescente do naufrágio de seu projeto de poder, parece disposto, em último recurso, a correr o risco de virar a mesa. Não há outra interpretação para sua atitude no evento.

Em seu discurso, o coordenador do MST, João Pedro Stédile, como de hábito botou lenha na fogueira: "Ganhamos as eleições nas urnas, mas nos derrotaram no Congresso e na mídia. Só temos uma forma de derrotá-los agora: é nas ruas". É o caso de perguntar o que Stédile quer dizer com "derrotá-los nas ruas". Mas Lula parece saber a resposta. E aproveitou a deixa, ao falar no encerramento do ato: "Quero paz e democracia. Mas eles não querem. E nós sabemos brigar também, sobretudo quando o Stédile colocar o exército dele na rua". Uma declaração de guerra?

A atitude irresponsavelmente incendiária do ex-presidente é coerente com a estratégia por ele traçada e transmitida à militância petista com o objetivo de reverter a repercussão extremamente negativa para a imagem do PT provocada pelo desgoverno Dilma e, em particular, pelo escândalo da Petrobrás. A ideia é, como sempre, transformar o PT em vítima da "elite", os temíveis "eles" que só querem fazer mal ao povo brasileiro.

Do mesmo modo que para Lula o escândalo do mensalão foi uma "farsa" que resultou na condenação injusta dos "guerreiros do povo brasileiro", o petrolão é coisa de "meia dúzia de pessoas" para a qual Dilma Rousseff "não pode ficar dando trela": "O que estamos vendo é a criminalização da ascensão de uma classe social neste país. As pessoas subiram um degrau e isso incomoda a elite", disse Lula.

Ou seja, o que abala o Brasil não é a ação da quadrilha que, há 12 anos, pilha a Petrobrás e ocupa, para proveito próprio ou do PT, cada escaninho possível da administração pública. Muito menos é a incompetência administrativa demonstrada pelos petralhas que sugam o Tesouro. É - no entender de Lula e companhia bela - a reação dos brasileiros honestos e indignados com a roubalheira e a desfaçatez.

Esse discurso populista pode fazer vibrar a militância partidária manipulada e paga pela nomenklatura petista, mas é inútil para garantir ao PT e ao governo o apoio de que necessitam para tirar o País do buraco em que Dilma Rousseff o meteu ao longo de quatro anos de persistentes equívocos.

O principal aliado do PT, o PMDB do vice-presidente Michel Temer, agora decidiu exigir o papel que lhe cabe como corresponsável pela condução dos destinos do País. Não aceita mais, por exemplo, que o núcleo duro do poder de decisão no Planalto seja integrado exclusivamente por petistas. O PMDB tampouco aceita que os petistas continuem se fazendo passar por bonzinhos na votação das medidas de ajuste fiscal, posicionando-se na defesa dos "interesses dos trabalhadores" e deixando o ônus da aprovação do pacote para os aliados.

Os arreganhos de Lula e do agitador Stédile mostram que a tigrada está cada vez mais isolada - e feroz - na aventura em que se meteu de arruinar o Brasil.