domingo, 19 de abril de 2015

Opinião

TCU põe governo contra a parede

O ESTADO DE S.PAULO
19 Abril 2015

A chamada "contabilidade criativa", inventada pelos petistas para maquiar as contas públicas e disfarçar a desídia do governo no controle fiscal, foi colocada a nu pelo relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) que, com todas as letras, definiu como crime o flagrante desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) representado pelas "pedaladas fiscais" praticadas em 2013 e 2014.

A LRF, aprovada pelo Congresso em maio de 2000 contra o voto do PT, "estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal" (art. 1.º), inclusive a proibição de que bancos públicos financiem seus controladores, os governos. Essa restrição objetiva impedir, por exemplo, a quebradeira de bancos estaduais que até os anos 90 financiavam os governos que os controlavam e não recebiam o dinheiro de volta. No plano federal, a prática desse calote resultou frequentemente na necessidade de forte capitalização do Banco do Brasil e da Caixa Econômica. A LRF baniu esse tipo de irresponsabilidade.

Mas, coerente com a postura adotada quando era oposição, uma vez no governo o PT se manteve fiel à irresponsabilidade fiscal, como demonstra o minucioso relatório de quase 100 páginas do ministro do TCU José Múcio Monteiro. Um exemplo: o repasse dos recursos do Tesouro para os beneficiários do Bolsa Família é feito por intermédio da Caixa. O Tesouro deposita o dinheiro no banco e o banco o transfere para os beneficiados pelo programa. No biênio 2013/2014, o Tesouro chegou a atrasar em 15 meses o repasse de verbas do Bolsa Família para a Caixa, que obviamente foi forçada a desembolsar recursos próprios para pagar em dia os beneficiários. Em outras palavras, para maquiar suas contas, o governo usou os bancos públicos para cobrir despesas que deveriam ser pagas pelo Tesouro.

"Operações" como essa, que se tornaram rotina da "contabilidade criativa" e foram batizadas de "pedalada", eram um recurso usado pelo governo para reduzir as despesas contabilizadas, empurrando-as para a frente e, assim, equilibrar suas contas naquele período. Um truque que, no exemplo citado, implicava a Caixa financiar seu controlador, a União. O que, mais uma vez, é claramente proibido pela LRF. Estima-se que a soma das "pedaladas" financiadas pelos três bancos oficiais entre 2013 e 2014 - a Caixa, o Banco do Brasil e o BNDES - supera a casa dos R$ 40 bilhões.

O ministro Joaquim Levy, a quem a presidente da República delegou a responsabilidade de colocar em ordem as contas públicas, já deixou claro que a era das "pedaladas" terminou. Quando mais não seja, o governo estará deixando de infringir a lei.

Mas não é exatamente essa a opinião do advogado-geral da União, ministro Luis Inácio Adams, que informou que vai entrar com um embargo de declaração para que seja revista a decisão do TCU. Em termos que demonstram claramente a intenção de confundir mais do que de revelar a verdade, "explicou" Adams: "O que houve no caso de 2014 é que vivemos situação de estresse fiscal maior, que também estressou essas dinâmicas de sistemática de pagamentos". E tentou ainda, como recomenda o manual de comunicação petista, lançar a culpa sobre ombros alheios: "É muito estranho. Afinal, desde 2001 (sic), quando foi criada a LRF, essa sistemática de pagamento acontece. Por que só agora estão questionando isso?".

São compreensíveis a preocupação do ministro Adams, notório e fiel militante petista, e sua tentativa de levantar a suspeita de que existe uma conspiração contra a presidente Dilma e o PT. O relatório do TCU, aprovado por unanimidade - todos os ministros daquela Corte seriam conspiradores -, ao evidenciar o descumprimento da lei pelo governo, oferece argumentos para eventualmente embasar um pedido de impeachment da presidente da República.

Tanto assim que o senador Aécio Neves, presidente nacional do maior partido de oposição, o PSDB, já se prepara para ir às últimas consequências da decisão do TCU: "Precisamos averiguar quais foram os responsáveis por essa fraude. Temos que ver se esse crime se limita à equipe econômica ou vai além dela". 

Está certíssimo o senador. Afinal, é esse o papel da oposição.

Bom Dia!

Que desperdício!

Como o final da tarde e começo da noite de ontem prometiam uma temperatura agradável, resolvi tomar um vinho. Minha mulher preparou uma torta fria e, para melhorar ainda mais o ambiente, coloquei um CD do Miles Davis, que ganhei do meu filho Marcelo, só com músicas especiais.

Escolhi um bom vinho, que pretendia abrir um pouco antes para que ele respirasse até a hora de servir. Tudo perfeito. Ou melhor, quase!

No caminho, não sei como, a garrafa escorregou da minha mão e, simplesmente espatifou-se no chão da sala. Vinho e caco de garrafa por todo o lado. Olhei quase desconsolado, o vinho tingir o tapete e os pequenos cacos de vidro em volta de mim.

Claro que o trabalho maior foi da Ana que foi obrigada a aspirar tudo, pois a quantidade de caquinhos de vidro era enorme. E foi secando, aos poucos, o líquido que escorreu pela sala.

Juro que pensei em desistir e trocar tudo por uma cerveja ou, o que seria pior, por uma água mineral. Foi quando vi minha mulher parada na porta do escritório, sorrindo e com uma garrafa de um maravilhoso vinho português na mão.

Abri, deixei passar um tempo e nos deliciamos com a torta fria e com o sabor indiscutível daquele vinho, substituto do que eu havia escolhido e que deixei cair.

Quebrar uma garrafa de vinho, num momento desses, que desperdício!

Tenha todos um Bom Dia!