terça-feira, 26 de maio de 2015

Padrinho

Lula pede R$ 8 bi para socorrer Haddad



Preocupado com a baixa aprovação do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), pré-candidato à reeleição em 2016, o ex-presidente Lula intercedeu por verbas para o afilhado político no Palácio do Planalto. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Lula pleiteou a liberação de 8 bilhões de reais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a gestão Haddad durante reunião com a presidente Dilma Rousseff na última sexta-feira, na Granja do Torto, em Brasília (DF).
No mesmo dia, o governo federal anunciou um corte orçamentário de quase 70 bilhões de reais, dos quais 25,7 bilhões de reais do PAC.

Além disso, o ex-presidente, que foi cabo eleitoral e fiador das campanhas de Haddad e de Dilma, pediu que ministros do PT com base eleitoral em São Paulo participem mais do dia a dia da prefeitura e da agenda política na capital paulista. O instituto Datafolha aferiu, em fevereiro, que a administração de Haddad é considerada ruim ou péssima por 44% dos paulistanos.

O dinheiro seria usado por Haddad na em obras contra enchentes, moradias populares e na construção de corredores de ônibus, uma promessa de campanha que ele manobra para conseguir aprovar. Neste mês, a Haddad já admitiu que não conseguirá cumprir a promessa eleitoral de construção de creches - ele dava como certo que receberia dinheiro federal para cumprir a meta. Desde o primeiro ano de mandato, Haddad desistiu também de parte de projetos-chave, como o Arco do Futuro, conjunto de obras urbanísticas e viárias que foi alterado.

CPI da Petrobras

Ex-diretor tratou de doações ilegais com Vaccari


Em depoimento na CPI da Petrobras, nesta terça, o ex-vice-presidente da Camargo Corrêa Eduardo Leite, que cumpre prisão domiciliar e aderiu à delação premiada, confirmou que conheceu o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, em 2010, e que, primeiro, tiveram um encontro formal, na qual trataram de doações legais e campanha.

— Primeiro, houve uma conversa institucional, como funcionava doação eleitoral na Camargo. Houve uma segunda reunião, aí foi diferente. Ele (Vaccari) disse que a Camargo estava em débito com a Diretoria de Engenharia no pagamento de propina e que se a empresa não desejava liquidar isso com pagamento de campanha eleitoral para o PT. A resposta foi que não iríamos proceder desta forma - disse Leite.

Ele também fez um relato do esquema, falou de reuniões e afirmou que, ao assumir a diretoria de Óleo e Gás, em 2009, teve que manter os acordos de corrupção pré-existentes e cumprir esses contratos, que se iniciaram em 2002.

— Herdei uma prática e tive que administrar. Em meus depoimentos reconheci os ilícitos praticados juntos a Petrobras. Recebi dos meus antecessores uma situação pré-existente. A situação preexistente consistia em contratos que foram celebrados através de consultorias a partir de 2002. Tive que administrar os procedimentos adotados — disse Eduardo Leite.

O ex-diretor trabalha há 21 anos na Camargo Corrêa, onde entrou como estagiário. Leite disse ainda que manteve contatos co Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Pedro Barusco, João Vaccari e Júlio Camargo, José Janene, entre envolvidos no esquema. Ele contou que, de Youssef, recebeu cerca de R$ 1,5 milhão, sendo R$ 500 mil do próprio e mais de R$ 1 milhão da empresa Samco, via o doleiro.

Ao ser questionado pelo relator da CPI, Luiz Sergio (PT-RJ), Leite disse que, quando assumiu a diretoria de óleo e gás, foi passado a ele os compromissos de propina, os contratos ganhos e os assumidos. Ele afirmou que não foi lhe passado um histórico, mas, que pelo que teve conhecimento, os grandes movimentos ocorreram a partir de 2006.

B. B. King

Filhas acreditam em homicídio



A morte do rei do blues B.B. King será investigada como homicídio, informou na segunda-feira (25/5) o departamento de medicina legal do Estado de Nevada, oeste dos Estados Unidos. O músico faleceu no dia 14 de maio passado, aos 89 anos, em Las Vegas, onde residia após anos de intensas turnês. Duas das filhas de King - Karen Williams e Patty King - afirmam que o músico foi envenenado por seu agente, Laverne Toney, segundo o site Eonline.

Karen e Patty acreditam que King "foi envenenado, que administraram substâncias para provocar sua morte prematura", e solicitam "uma investigação formal sobre este assunto", segundo o site. Toney, que administra a herança de King, rejeitou a acusação: "estão fazendo denúncias o tempo todo, isto não é novo".

Opinião

PT agrava impasse


Premido pelo tempo, uma vez que as medidas provisórias (MPs) do ajuste fiscal caducarão se não forem aprovadas pelo Congresso até o fim desta semana, o governo se defronta com um impasse que se agrava porque seu próprio partido, o PT, se opõe com crescente contundência às medidas impopulares indispensáveis ao saneamento das contas públicas. Enquanto isso, o vice-presidente Michel Temer, responsável pela articulação política do Planalto, cobra da presidente Dilma Rousseff o apoio formal e sem restrições dos petistas, como precondição óbvia para que possa persuadir os demais partidos da base aliada a votar a favor das medidas propostas pela equipe econômica.

Na última sexta-feira, mesmo dia em que o ministro da Fazenda sinalizou sua insatisfação com as dificuldades que enfrenta se ausentando do ato oficial de anúncio do contingenciamento orçamentário, a direção estadual do PT em São Paulo divulgou manifesto em que explicita pela primeira vez em documento oficial do partido suas objeções às medidas do plano de ajuste fiscal que impõem restrições a benefícios sociais.

O documento, aprovado na etapa paulista de preparação do V Congresso Nacional do PT que se reunirá em junho, é taxativo: “Entendemos as razões do governo, mas o governo tem que entender as razões do PT”. E que razões são essas? Coerente com sua própria práxis, os petistas querem deixar nas costas do governo o ônus das medidas impopulares necessárias à correção de seus próprios erros na gestão econômico-financeira do País e reservar-se o direito ao bônus de manter o discurso populista de defesa incondicional dos benefícios sociais. O texto do manifesto é cinicamente claro: 

“É imprescindível compreender que nossa energia criadora e nossa capacidade de atrair a juventude se sustentam na utopia e no futuro e não deve se limitar, como o governo tem que fazer, aos limites do que o Orçamento impõe”. Em português claro: “O orçamento? Ora, o orçamento. Fique o governo com as vaias do mundo real que nós ficamos com os aplausos – e os votos – para o discurso da utopia”.

Essa contradição é absurda para um partido responsável pela eleição da chefe do governo e agora coloca o País à beira de uma crise econômica de dimensão imprevisível. Não se trata de optar, na atual emergência, por um discurso mais ou menos agradável a este ou aquele segmento social ou grupo de interesses. Trata-se de criar condições – infelizmente com a necessária adoção do remédio amargo de medidas impopulares que resultarão em sacrifícios de toda a sociedade – para a retomada do crescimento indispensável à garantia de conquistas sociais pretéritas e futuras.

O agravamento do descontrole fiscal que inevitavelmente ocorrerá se não se fizerem correções urgentes na política fiscal para conter a gastança irresponsável provocará, também de modo inevitável, o rebaixamento da nota de crédito do Brasil no mercado globalizado e a consequente redução dos financiamentos e dos investimentos estrangeiros no País.

É claro que ajuste fiscal se promove basicamente com corte de gastos e aumento de receitas. Mas, para preservar o sentido de justiça social que deve estar presente nas políticas públicas de uma sociedade democrática, a definição do amplo elenco de medidas necessárias a esse ajuste deve incluir providências para distribuir de maneira tão equitativa quanto possível, por todos os segmentos sociais, o ônus de um sacrifício que por definição é provisório. Dessa perspectiva, são lamentáveis as críticas movidas pela demagogia política, que se concentram exclusivamente nas medidas que atingem os benefícios trabalhistas dos assalariados, num contexto em que a natureza necessariamente restritiva do ajuste afeta, sem exceção e guardadas as devidas proporções, todos os segmentos sociais.

Por outro lado, tudo leva a crer que, apesar de participar de reuniões com a presidente da República e seus ministros para “ajudar” na aprovação do ajuste fiscal, o ex-presidente Lula presta ao Brasil o desserviço de fazer jogo duplo, na tentativa de salvar a própria pele. Há quem lhe atribua ter estimulado o senador petista Lindbergh Farias (RJ), na semana passada, a subscrever um manifesto de intelectuais de esquerda contra o ajuste fiscal e apresentá-lo em plenário com pedido de afastamento de Joaquim Levy do Ministério da Fazenda.

Publicado no Estadão de hoje, 26/05/15