Juiz prorroga prisão
temporária
O juiz Sérgio
Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, prorrogou nesta terça-feira por 24 horas
a prisão temporária do ex-dirigente da Odebrecht Alexandrino Alencar, apontado
como companhia frequente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagens
internacionais para lobby em favor da empreiteira. A temporária de Alencar
vencia nesta terça, mas o juiz ampliou o prazo após o ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa ter implicado o executivo em um esquema
de pagamento de propina envolvendo a petroquímica Braskem.
Na manhã desta
terça, Costa prestou depoimento na Polícia Federal em Curitiba (PR) em que
confirma que Alexandrino negociou com o doleiro Alberto Youssef e com o
ex-deputado federal José Janene (PP-PR) o pagamento de 3 a 5 milhões de dólares
em propina, entre 2006 e 2012.
No prazo de um
dia o Ministério Público e a defesa do acusado devem se manifestar, mas nos
bastidores, a avaliação é a de que Moro deve converter nesta quarta-feira a
prisão temporária em preventiva, que é aquela em que não há prazo determinado
para o término.
Em acareação
promovida nesta segunda-feira na PF de Curitiba, o doleiro Alberto Youssef e o
ex-diretor da Petrobras confirmaram que a Braskem, petroquímica ligada a
Odebrecht, pagou de 1% a 3% em propina, em dinheiro, tanto para Costa quanto
para políticos filiados ao Partido Progressista (PP). Entre os parlamentares
citados estão os deputados e ex-deputados Pedro Henry, Pedro Corrêa, ambos já
condenados no julgamento do mensalão, Nelson Meurer, João Pizzolati, Mario
Negromonte, Luiz Fernando Sobrinho, José Otávio, Arthur de Lira, Dudu da Fonte
e Aguinaldo Ribeiro e os senadores Ciro Nogueira e Benedito de Lira.
No esquema de
pagamento de propina, o dinheiro era desembolsado para acelerar a compra de
nafta, composto proveniente do petróleo utilizado como matéria-prima do setor.
De acordo com o depoimento desta terça-feira, Paulo Roberto tinha direito a uma
parcela da propina desembolsada pela Braskem e recebia em valores em contas
bancárias secretas na Suíça por meio de Bernardo Freiburghaus, citado pelo
Ministério Público como o operador que atuava em favor da Odebrecht no
escândalo do petrolão.
A Polícia
Federal havia pedido que a prisão temporária de Alexandrino Alencar fosse
convertida diretamente em prisão preventiva, mas Moro não acatou a solicitação
de imediato. No mesmo despacho, Moro colocou em liberdade outras três pessoas
presas na última sexta-feira na 14ª fase da Lava Jato: Antônio Pedro Campelo de
Souza, Flávio Lúcio Magalhães e Christina Maria da Silva Jorge.