Preparando, ou tentando preparar o terreno para sua volta
em 2018, Luiz Inácio já colocou representantes de sua tropa de elite no
ministério. No Planalto, os homens fortes do ministério foram indicados pelo
ex-presidente. Agora, o líder máximo dos petistas, está quase chegando a um dos
alvos principais de sua artilharia, ou seja, o ministério da Fazenda. Luiz
Inácio quer derrubar Joaquim Levy e colocar em seu lugar Henrique Meirelles.
Sua sede por manter o poder é tão grande, que ele passa por cima do fato de
saber que Dilma detesta Meirelles e tenta, de todas as formas, coloca-lo no comando das
finanças brasileiras.
Um dos editoriais de hoje do jornal Estado de São Paulo,
trata de forma clara o assunto. Divido com todos para que se familiarizem, cada
vez mais, com a tentativa de Luiz Inácio de manter o estelionato eleitoral que
vem sendo aplicado no Brasil desde sua primeira eleição.
Tenham todos um Bom Dia!
Estelionato à vista
Tudo leva a crer que Lula está prestes a assumir o
controle total do governo, agora forçando Dilma Rousseff a demitir o ministro
da Fazenda, Joaquim Levy, e substituindo-o por alguém de confiança do
ex-presidente e disposto a adotar uma “nova política econômica” destinada a
“acelerar a retomada do crescimento econômico”. Segundo se informa, Lula e os
ministros do núcleo político do Planalto – políticos alinhados com o
ex-presidente, que os colocou onde estão exatamente para isso – intensificaram
na última semana a pressão sobre a presidente da República para que substitua
urgentemente Levy, de preferência pelo ex-presidente do Banco Central Henrique
Meirelles.
Considerando que a crise econômica e a debacle moral e o
consequente impasse político paralisaram o governo e provocaram o rebaixamento
da popularidade de Dilma a índices sem precedentes, faz sentido que Lula tenha
pressa em preencher o vazio deixado por sua pupila no comando da ação
governamental, tarefa que já executou com êxito no que se refere à área
política, ao “nomear” Jaques Wagner e Ricardo Berzoini para o comando da Casa
Civil e da Secretaria de Governo.
Falta agora o chefão do PT colocar alguém de sua
confiança à frente do Ministério da Fazenda, para executar a “nova política”
que, na verdade, nada tem de nova, pois se trata apenas da reedição da gastança
na forma da liberação de crédito para a aquisição de bens de consumo. É óbvio
que não se pode pensar em crescimento econômico sustentável sem investimentos
em infraestrutura, nos chamados bens sociais como educação, saúde, saneamento,
segurança, transportes, etc. Mais uma vez, porém, não é hora de pensar em
projetos que só dão retorno a longo prazo.
Resta saber se Henrique Meirelles estará disposto a
assumir os enormes riscos da “política econômica” com a qual Lula sonha como último
recurso para salvar sua pretensão de chegar de novo à Presidência da República
em 2018. E se, para fazê-lo, tolerará o convívio com a presidente que o
detesta.
A economia brasileira foi jogada num buraco cada vez mais
profundo pelo delírio populista do PT, associado ao dogmatismo ideológico e à
incompetência de Dilma. Beneficiado por uma conjuntura favorável, que encheu os
cofres públicos com impostos, o governo se permitiu gastar sem fazer contas,
subsidiar programas com inaudita generosidade, fornecer crédito abundante e
fácil para consumo e fazer uma impensada desoneração fiscal.
Quando começou a “sair mais dinheiro do que entrava” –
como admitiu dias atrás o próprio Lula –, a crise econômica se apresentou aos
brasileiros como o resultado inescapável da insustentabilidade do delírio
consumista no qual o lulopetismo tentou – e, pelo jeito, vai insistir nisso –
ancorar seu projeto de poder.
Dilma e o próprio Lula estavam convencidos, na transição
do primeiro para o segundo mandato da presidente, de que a situação econômica
era grave e exigia, prioritária e urgentemente, que as arrombadas contas do
governo fossem colocadas em ordem. Era a necessidade do ajuste fiscal que
entrava em cena. E Lula indicou para o ministério da Fazenda um executivo de
perfil liberal, ninguém menos que o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco.
Trabuco não foi liberado para o cargo pelo conselho do banco e Dilma ficou com
Joaquim Levy.
Mas a discussão das medidas necessárias ao ajuste fiscal,
especialmente aquelas que contrariam os interesses dos assalariados, assustou
as correntes esquerdistas do Parlamento, as bases sindicais do PT e as
organizações filopetistas. O ajuste fiscal passou a ser apontado como uma
ameaça às conquistas sociais. E não demorou para que Lula, sempre atento aos
reflexos eleitorais dos acontecimentos, passasse a sabotar o demonizado ajuste
e fazer eco às reivindicações de uma “nova política econômica” – como se o
governo tivesse alguma.
Mais do que depressa, Lula quer reviver o consumismo
inconsequente que o transformou num grande líder popular. Com que dinheiro se
produzirá esse milagre? Bem, o interesse eleitoral de Lula é mais importante do
que detalhes como esse. Afinal, como creem os petistas, o governo tudo pode,
basta querer.