Mais lama em Brasília do que em Mariana!
A figura que uso pode ser um pouco exagerada, mas não tenho
dúvidas de que está muito perto da realidade. Lamentavelmente, no município
mineiro a tragédia acabou matando pessoas, o que até agora não aconteceu na Esplanada,
na Capital Federal. Se bem que muitos políticos podem se considerar
definitivamente sepultados para a vida pública.
Começo pelo rebaixamento da nota que levou o Brasil de volta à
segunda divisão na economia mundial. Recuperado em 2008, foram necessários
somente sete anos para que o sonho acabasse e lá vamos nós amargar um
descrédito mundial. O Brasil, depois que a Fitch retirou o selo de bom pagador,
está como muitos brasileiros, ou seja, cadastrado no SPC. Que vergonha!
No STF, quando o governo já comemorava antecipadamente uma vitória
sobre Eduardo Cunha com a indicação de Edson Fachin para a relatoria do
processo movido pelo PC do B, veio a surpresa do voto que liquida com muitas
esperanças de Dilma e seus aliados. Fachin não só confirmou tudo o que Cunha
determinou e fez, como jogou um balde de água fria em Renan Calheiros, que já
se arvorava dono do processo de impeachment.
Hoje, no prosseguimento da votação, quando falarão os demais
ministros do STF, é esperada uma decisão que beire a unanimidade, em apoio ao
voto do relator. A partir daí, Dilma que se prepare para dias ainda mais
nublados.
Em plena comemoração da decisão de Fachin, Eduardo Cunha foi
notificado do pedido do procurador geral da República, Rodrigo Janot,
solicitando ao STF seu afastamento imediato da presidência da Câmara dos
Deputados. Janot argumenta que existem “vários crimes de natureza grave”
cometidos por Cunha. Para o deputado do PMDB, “o pedido da PGR serve apenas
para tentar tirar o foco do julgamento do STF sobre o rito do impeachment.”
Ao tomar conhecimento do voto de Fachin, durante Conferência
Nacional da Juventude, em Brasília, Dilma Rousseff disse que usará “todos os
instrumentos que o Estado Democrático de Direito me faculta, para defender a
interrupção ilegítima de meu mandato”. Dilma voltou a usar a expressão adotada,
principalmente pelos petistas, de “golpe”, para classificar o pedido de
impeachment.
Em Curitiba, Nestor Cerveró afirmou, em delação premiada, que
pagou US$ 6 milhões em propina ao presidente do Senado, Renan Calheiros e ao
senador Jader Barbalho, ambos do PMDB, e mais US$ 2 milhões para Delcidio do
Amaral, preso em Brasília.
Finalmente, para desespero dele e certamente de muitos petistas, o
tucano Eduardo Azeredo foi condenado, pelo chamado ‘mensalão tucano’, a 20 anos
de prisão. Em sua justificativa para a condenação, a juíza Melissas Lage, disse
que “foi criado um caixa robusto para a campanha eleitoral, com arrecadação de
fundos de diversas fontes, inclusive de recursos públicos”.
O mensalão tucano, como já se sabia, deu origem ao mensalão que
resultou na prisão de José Dirceu, Delúbio Sores, José Genoino e Marcos
Valério, principal mentor e cabeça dos dois esquemas.
Coincidentemente, a lama que cobre o país hoje, assim como aquela
que dizimou a vida do Rio Doce, brotou em Minas e acabou se espalhando pelo
Brasil. Se bem que hoje, pelo menos no meu entendimento, há mais lama cobrindo
Brasilia do que a que foi derramada pelo rompimento da barragem em Mariana.
Simbolicamente, é claro.
Que vergonha!
Tenham todos um Bom Dia!