Franck Pourcel foi o criador e maestro de uma das mais
famosas orquestras francesas. Ele ficou conhecido por suas versões dos sucessos
musicais de seu tempo e de música clássica.
A música Concorde foi, quem sabe, seu grande
sucesso de todos os tempos.
Com a orquestra de Franck Pourcel fiquem com
Love is blue
Não, nem Lula teve ainda essa coragem. Ele tem dito a Dilma que
a situação é muito ruim, mas que se todos se empenharem, dará, sim, para
arquivar na Câmara dos Deputados o pedido de impeachment.
Lula diz isso só por ouvir dizer. Ele mesmo, com o título de
ministro suspenso, e medo de ser preso pelo juiz Sérgio Moro, está mais
preocupado com seu destino do que com o destino de Dilma.
Na semana passada, quando telefonou para o vice-presidente
Michel Temer e perguntou se ainda havia na casa dele uma cachacinha gostosa
para os dois tomarem juntos, Lula parecia animado. Não está mais.
Temer concordou em recebê-lo. Mas no dia seguinte, cancelou o
encontro depois que Dilma convidou o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) para ser
ministro da Secretaria da Aviação Civil. Lopes aceitou o convite.
A recente convenção nacional do PMDB aprovou resolução proibindo
seus filiados de assumirem cargos no governo até que se decida se o partido
romperá com Dilma. A decisão será tomada na próxima terça-feira.
Lula tem tentado remarcar seu encontro com Temer, mas o
vice-presidente passou à clandestinidade. Sabe-se que estaria em São Paulo,
embora amigos dele informem que Temer voou para Lisboa.
A caça de Lula a Temer, e a de Dilma também, é uma demonstração
convincente de que Lula, Dilma e o governo estão totalmente perdidos, sem
encontrar saídas para a situação que enfrentam.
Quando se cobra que apontem saídas, apontam as óbvias que, a
essa altura, se revelam ineficientes. Por que imaginar que uma conversa com Temer
poderia manter o PMDB no governo?
Ora, Temer será o maior beneficiário do impeachment de Dilma. E,
por mais que negue, está tomando com discrição as providências necessárias para
governar em breve.
Dilma contou aos seus ministros de confiança que conversará com
cada um dos 65 deputados que integram a Comissão Especial do Impeachment. Ela,
que nunca gostou de conversar com políticos, dirá o quê para eles?
Mais: acenará com o quê para eles? Liberação de emendas ao
Orçamento para beneficiar os redutos eleitorais dos deputados? Não funcionará.
Falta dinheiro ao governo para tal.
Cargos no governo a serem preenchidos por indicação dos
deputados? Mas logo num governo que pode estar a poucos meses do seu fim? E
quem, no momento, quer correr esse risco? Vai que Moro fica sabendo...
Dilma – quem sabe? – poderá apelar para o patriotismo dos
deputados e prometer para breve o anúncio de importantes medidas que debelarão
a crise econômica e, por tabela, a política.
Quem acreditará? De resto, tudo o que Dilma possa oferecer,
Temer também poderá, e em dobro. E com uma vantagem: ele tem pinta de futuro.
Dilma, de passado. E de um passado triste.
No entorno da presidente, não existe um só auxiliar que acredite
na salvação dela. Todos já jogaram a toalha. E todos torcem para que ela
renuncie, abreviando sua agonia e a do país.
*Publicado no Portal do Jornal O Globo em 22/03/2016
Apesar do discurso oficial do governo de que insistirá e de que confia na posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva como ministro, o cenário mais realista esboçado no Palácio do Planalto é
o de que ele não ocupará a cadeira de titular da Casa Civil.
A constatação é que a viagem ao exterior do ministro Gilmar Mendes, do Supremo
Tribunal Federal, só permitirá que a suspensão da nomeação de Lula seja
analisada pelo plenário do STF em duas semanas. Isso porque Gilmar Mendes é o
ministro que tomou a decisão de suspender a nomeação.
Não fosse só pela demora do julgamento, no núcleo palaciano se avalia que
atualmente o placar no plenário seria desfavorável ao ex-presidente.
O principal temor é que Lula fique durante muito tempo exposto, sem o cargo que
lhe permitiria ter foro privilegiado no Supremo e, portanto, ficar blindado de
uma ordem de prisão eventualmente autorizada pelo juiz federal Sérgio Moro,
responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância da Justiça.
A constatação é que, na atual circunstância, Lula está inviabilizado
politicamente, sem instrumentos para fazer a articulação política do governo a
fim de tentar barrar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no
Congresso.
O Brasil fechou 104.582 vagas formais de emprego em
fevereiro, segundo informou o Ministério do Trabalho e Previdência Social. Este
é o pior resultado para o mês desde 1992, quando começou a série histórica
do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No primeiro
bimestre do ano, o saldo de postos fechados é de 204.912, também com ajuste, ou
seja, incluindo informações passadas pelas empresas fora do prazo.
O resultado divulgado ficou fora das expectativas
do mercado para o mês passado. Levantamento do AE Projeções apurado 18
instituições do mercado apontava que as expectativas iam de um corte de 3.800 a
80.000 vagas com carteira assinada no segundo mês do ano. A mediana encontrada
era de redução de 40.617 postos formais, na série sem ajuste sazonal.
O setor de comércio foi o que mais eliminou vagas
formais de emprego em fevereiro, sendo responsável pelo fechamento de 55.520
postos no mês passado. O segundo maior responsável por fechamento de
postos no mês foi a indústria de transformação. Em fevereiro, foram encerradas
26.187 vagas. A maioria dos setores demitiu mais do que contratou no mês
passado. Na construção civil, importante termômetro da atividade econômica,
foram encerradas 17.152 vagas. Na agricultura, foram fechadas 3.661. A
administração pública foi a única a ter saldo positivo, com a criação de 8.583
vagas.
Com a retirada de delação, PT quer mais tempo para defesa
de Dilma
Com a retirada da delação do senador Delcídio do
Amaral (sem partido-MS) do pedido de impeachment, deputados do PT querem que a
contagem do prazo para que a presidente Dilma Rousseff apresente
a sua defesa seja reiniciada. A decisão de
excluir os depoimentos do ex-líder do governo no Senado foi
tomada nesta terça-feira (22), após um acordo com a oposição, e anunciado
oficialmente pelo presidente da comissão, deputado Rogério Rosso (PSD-DF).
Os deputados do PT argumentam que Dilma precisará ser
notificada novamente – desta vez, sem o conteúdo da delação. Com isso, eles
pedem que o prazo de dez sessões plenárias (de votações ou apenas de discursos)
para que ela apresente a sua defesa volte à estaca zero.
Pagamento de
propina continuou após prisão de Odebrecht, diz MPF
A força-tarefa da Lava Jato afirmou nesta terça-feira
(22) que a Odebrecht, uma das empresas investigadas na operação, tinha uma
estrutura profissional de pagamento de propina em dinheiro no Brasil. A
empresa, ainda conforme a investigação, tinha funcionários dedicados a uma
espécie de contabilidade paralela que visava pagamentos ilícitos. A área era
chamada de "Setor de Operações Estruturadas". O Ministério Público
Federal (MPF) afirma que os pagamentos feitos pela Odebrecht estão atrelados a
diversas obras e serviços federais e também a governos estaduais e municipais.
Dentre elas está a construção da Arena Corinthians, segundo o procurador Carlos
Fernando dos Santos Lima. “Se chegou a observar R$ 9 milhões de um dia para
outro em dinheiro em espécie”, disse a procuradora do Ministério Público
Federal (MPF) Laura Gonçalves Tesser. Os pagamentos ilegais ocorreram já com
mais de um ano da Lava Jato em curso.
Estado Islâmico assume autoria dos atentados em Bruxelas
O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) assumiu a autoria
dos atentados em Bruxelas que mataram nesta terça-feira mais de 30 pessoas e
feriram mais de 160, segundo a agência de notícias Amaq, vinculada à
organização jihadista. Em comunicado divulgado em inglês, a agência afirma que
combatentes do grupo "detonaram uma série de bombas, coletes e outros
explosivos no aeroporto e em uma estação de metrô do centro de Bruxelas,
capital da Bélgica, um país que participa da coalizão internacional contra o
Estado Islâmico". Anteriormente, em um comunicado publicado na plataforma
Telegram, o EI tinha informado que a operação em Bruxelas "foi baseada em
uma planificação e atuação em grande velocidade". Os atentados na Bélgica
ocorreram dias após a prisão de Saleh Abdeslam, o principal suspeito dos
ataques terroristas de Paris em novembro, após quatro meses de uma operação de
busca e captura. O EI informou ainda que vai realizar "outras operações na
Europa".
PGR inclui mulher de Collor em denúncia da Lava Jato no
STF
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fez um
aditamento na denúncia apresentada no ano passado contra o senador Fernando
Collor de Mello (PTB-AL) para inclusão de mais fatos criminosos atribuídos ao
parlamentar e para acusar mais pessoas ligadas a Collor por envolvimento no
esquema de fraude à Petrobras, entre essas pessoas está Caroline Serejo Collor,
mulher dele. Segundo as investigações, Caroline tem ligação com a remessa de
recursos desviados para contas no exterior e envolvimento com uso desse
dinheiro para compra de carros de luxo - ela é sócia junto com Collor da
empresa Água Branca Participações, proprietária de quatro carros, como um
Porsche, uma Ferrari e um Lamborghini, que chegaram a ser apreendidos na
Operação Politeia, um desdobramento da Lava Jato.
Dilma diz que não renunciará
Em novo discurso duro contra a oposição que tenta
derrubá-la do governo, a presidente Dilma Rousseff reafirmou nesta terça-feira
(22) que "jamais" renunciará ao cargo e voltou a comparar sua cada
vez mais fragilizada situação no Planalto a uma tentativa de golpe tramada por
seus adversários. "A estratégia que parte das oposições é uma
atitute anti-republicana e anti-democrática por tentar acabar com o meu mandato
votado pelo povo brasileiro. Eu de fato jamais imaginei algo assim depois
da ditadura. Eu preferia não viver este momento, mas que fique claro que
me sobram energia, disposição e respeito à democracia para enfrentar essa onda
anti-democrática que ameaça o País", afirmou a presidente. Após encontro
com juristas na manhã desta terça, Dilma voltou a afirmar que não
renunciará "em hipótese alguma"
Defesa do ex-presidente contestou envio de caso ao juiz
Sérgio Moro.
Na sexta, Gilmar Mendes suspendeu nomeação do petista para Casa Civil.
A ministraRosa Weber, do Supremo
Tribunal Federal, negou nesta terça-feira (22) pedido da defesa do
ex-presidenteLuiz Inácio
Lula da Silvapara manter na
Corte investigação sobre o petista na Operação Lava Jato. Os advogados
contestaram decisão decisão do ministroGilmar Mendes, que
barrou a nomeação de Lula para ministro da Casa Civil e devolveu as
investigações para o juiz Sérgio Moro, da primeira instância da Justiça
Federal.
Na decisão, a ministra afirmou que, no entendimento do
STF, não cabe propor um habeas corpus (tipo de ação utilizado) para derrubar
decisão de ministro da própria Corte. “Pontuo que, em todas as oportunidades
nas quais a questão me foi submetida, em Colegiado desta Casa ou em juízo
singular, decidi pelo não cabimento do writ contra ato de Ministro desteSupremo
Tribunal Federal”, escreveu a ministra do despacho.
Estadão - Explosões na Bélgica deixam dezenas de mortos e
feridos
Ao menos três explosões atingiram o terminal de embarque
do aeroporto de Zaventem, em Bruxelas, e a estação de metrô Maelbeek, nesta
terça-feira, 22
Folha de São Paulo - Nova
fase da Lava Jato em 8 Estados mira altos executivos da Odebrecht
Ação apura esquema de caixa 2 para pagar propina a
pessoas ligadas ao poder público
O Globo - Fux
rejeita anular decisão de Gilmar contra nomeação de Lula
Ministro do Supremo assinou despacho durante a madrugada
Correio Braziliense - Manifestação em frente ao Congresso
reúne 6 mil pessoas nesta segunda-feira
Um canhão de laser projetou frases como “Fora Dilma” e
"Lula na cadeia" na fachada do Congresso Nacional
Gazeta do Povo - Petrobras calcula que pode perder R$ 162
bi em ações judiciais
Maior parte das perdas pode ocorrer em ações de natureza
fiscal
Estado de Minas - MP diz que Odebrecht tinha 'estrutura
secreta' para 'pagamentos ilícitos'
A pedido do Ministério Público Federal e da Polícia
Federal, são executadas prisões, buscas e conduções para investigar estrutura
secreta do Grupo Odebrecht usada para pagamentos ilícitos até o pelo menos o
segundo semestre de 2015
Revista Veja - Nem prisão de Odebrecht interrompeu
pagamento de propina, diz MP
Lava Jato chega definitivamente ao caixa dois da
empreiteira - e joga por terra linha de defesa adotada até aqui pelo executivo,
apontado como comandante do esquema
Revista Carta Capital - "Lava
Jato não pode se deixar levar pela euforia"
Claudio Fonteles, primeiro procurador-geral do governo
Lula, critica condução coercitiva e diz acreditar que operação não perderá
ímpeto caso o impeachment se concretize
Revista Época - PF apura pagamento a ex-braço-direito
de Dilma
A Polícia Federal investiga pagamentos aDouglas Franzoni,
sócio de Anderson Dornelles no Red Bar, um estabelecimento no estádio Beira-Rio
em Porto Alegre. Dornelles era secretário-particular de Dilma Rousseffno Palácio do Planalto
Portal G1 - João Santana deve ser indiciado pela PF
O marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas
do ex-presidente Lula (2006) e da presidente Dilma Rousseff (2010 e 2014),
deverá ser indiciado por envolvimento no esquema de cartel da Petrobras até
esta quarta-feira (23), data em que terminam os 30 dias de prazo do inquérito
policial
Agência Brasil - Estado Islâmico reivindica atentados em
Bruxelas
O grupo terrorista Estado Islâmico reivindicou os
atentados que sacudiram a capital da Bélgica
Portal IG - Governo infla número de vagas no Pronatec com
cursos de curta duração
Com praticamente metade do orçamento do ano passado,
programa do Ministério da Educação irá oferecer em 2016 o menor número de vagas
em cursos técnicos desde 2011
O juiz federal Sérgio Moro enviou ao
Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (21), os áudios das
conversas do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, alvo da 24ª fase da Operação Lava Jato. Nas
conversas, a Polícia
Federal diz ter encontrado indícios de que a nomeação de Lula
para a Casa Civil teria
sido para evitar que ele fosse investigado em primeira instância.
Lula chegou a ser nomeado ministro na quarta-feira (16).
Assim que o governo anunciou que ele assumiria o cargo, Moro levantou o sigilo
sobre as interceptações telefônicas e informou que encaminharia as
investigações que correm contra o ex-presidente ao STF, porque ele ganharia
foro privilegiado.
Entre o dia 16 e esta segunda-feira, várias decisões
judiciais revogaram a posse de Lula e também lhe devolveram o cargo. A última
decisão foi tomada na sexta-feira (17), pelo ministroGilmar Mendes, do STF.
Além de anular a nomeação, ele também determinou que as investigações contra o
ex-presidente continuassem sob a guarda da Justiça Federal do Paraná.
No entanto, as gravações mostram Lula conversando com
vários políticos com direito a foro privilegiado, entre eles, a presidente
Dilma Rousseff. Em um dos diálogos, Dilma diz a Lula que lhe enviaria o termo
de posse, ainda na quarta-feira para que ele só usasse “em caso de
necessidade”. No dia seguinte, quando houve a posse efetivamente, Dilma negou
que estivesse tratando de evitar uma eventual prisão de Lula, mas que era para
garantir que ele pudesse ser empossado, pois teria que viajar a São Paulo para cuidar
da mulher, que estava doente.
Na decisão desta segunda-feira, Moro reconheceu a
necessidade de encaminhar ao STF todas as escutas, ainda que sem o cargo de
ministro, Lula continue sem direito a foro privilegiado. “Já quanto ao presente
processo, como fortuitamente foram colhidos diálogos com interlocutores
ocupantes de cargos com foro privilegiado, é o caso de, independentemente da
situação jurídica do ex-Presidente, ainda assim remeter ao EgrégioSupremo
Tribunal Federal para eventuais medidas cabíveis”, escreveu o juiz.
A Operação Lava Jato chegou definitivamente ao caixa dois
do Grupo Odebrecht. Os mandados de busca e apreensão cumpridos nesta
terça-feira na 26ª fase da operação jogam por terra a linha de defesa do
empreiteiro e herdeiro Marcelo Odebrecht, que sempre argumentou na Operação
Lava Jato que ele não detinha conhecimento de todas as estruturas da companhia
e que tampouco adentrava no dia a dia das empresas do grupo. A nova etapa das
investigações, batizada de Xepa, desvendou um esquema estruturado de pagamento de
vantagens indevidas pelo Grupo Odebrecht e mostra que pelo menos até novembro
de 2015 há registros de tratativas de pagamentos de dinheiro sujo feitas por
executivos.
A nova fase da Lava Jato deve evidenciar ainda que o
próprio marqueteiro João Santana, responsável pelas últimas campanhas
publicitárias do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, foi
beneficiário direto de um esquema paralelo de pagamentos da Odebrecht. Os
repasses foram feitos por uma estrutura específica no Setor de Operações
Estruturadas da companhia. Nele, um sistema informatizado próprio processava o
pagamento de propinas e permitia a comunicação sigilosa entre executivos e
funcionários envolvidos nas tarefas ilícitas. Nos papéis coletados pela PF, os
beneficiários estão registrados por codinomes. Ao lado, valores elevados
relacionados a contratos em todo o país. De todos os codinomes, um dos mais
vistosos é "Feira", em referência a Santana e à esposa dele, Mônica
Moura.
Mônica Moura e João Santana
São pelo menos 14 executivos de diversos setores do Grupo
Odebrecht que davam ordens para os pagamentos paralelos do conglomerado.
"Essas evidências abrem toda uma nova linha de apuração de pagamento de
propinas em função de variadas obras públicas", disse o Ministério
Público. Para os investigadores, as evidências de pagamento de propina em
escala mostram que repasses de dinheiro sujo eram um "modelo de
negócios" da Odebrecht.
"Obtiveram-se mais evidências contundentes de
que Marcelo Odebrecht não apenas tinha conhecimento e anuía com os pagamentos
ilícitos, mas também comandava diretamente o pagamento de algumas vantagens
indevidas, como, por exemplo, as vantagens indevidas repassadas aos
publicitários e também investigados Monica Moura e João Santana", diz o
MP.
No início do mês, quando foi deflagrada a 23ª fase da
Lava Jato, com foco no marqueteiro do PT, uma planilha de contabilidade
paralela feita pela construtora Odebrecht listava pagamentos de 21,5 milhões de
reais feitos pela companhia entre outubro de 2014 e julho de 2015, período da
campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff e dos primeiros meses do
segundo mandato da petista, já sob efeito da Operação Lava Jato. Naquele
primeiro documento, ao lado do registro "Feira", havia códigos como
"leite", "cerveja", "bacalhau" e
"temperos", o que, de acordo com a PF, são senhas para contabilizar o
repasse de dinheiro ilegal. "A inserção de codinomes é um claro indicativo
de tratar-se de operações à margem da contabilidade da empresa, buscando
'mascarar' pagamentos não contabilizados de forma oficial", anotou a
Polícia Federal.
Depois de Luiz Fachin ter se declarado impedido de julgar
o habeas contra a decisão de seu colega Gilmar Mendes, por ser amigo íntimo de
um dos defensores de Lula, o STF, por sorteio, passou para a Ministra Rosa
Weber a relatoria do caso que terá que decidir se aceita ou não o
habeas solicitado pelos advogados do ex-presidente. Se aceitar, Lula vê
aumentadas suas chances de assumir
ministério. Neste caso, a ministra assume posição contrária a seu colega
de Supremo.
Como todos devem recordar, num dos grampos telefônicos
liberados pela Operação Lava Jato, o ex-presidente, que tenta assumir a Casa
Civil, para onde foi nomeado e tomou posse, mesmo que temporariamente, pediu ao
então chefe da pasta, Jaques Wagner, que falasse “com a Dilma para que ela pressionasse a Rosa
Weber a decidir logo sobre a questão do pedido do MP de São Paulo”. Não se sabe
se a presidente Dilma chegou a falar com a Ministra Weber, pois outros desdobramentos
da Lava jato aconteceram simultaneamente.
Mas agora, com pressão ou não, Rosa Weber terá que
decidir sobre o pedido dos advogados de Luiz Inácio. É um momento importante em
que a ministra poderá dar uma resposta, não só aos advogados, mas
principalmente ao povo brasileiro, sobre sua independência diante de tentativas
de pressão sobre sua atuação.
Como se recorda, na mesma gravação, Lula disse que o STF
estava “acovardado” e lembrou ao então chefe da Casa Civil que “se homem não
tem saco, quem sabe uma mulher decide”, referindo-se a Rosa Weber.
O que o Brasil está querendo saber, ministra Rosa Weber,
é se a senhora faz parte dos acovardados do STF, ou se tem coragem para
enfrentar quem diz que a senhora é covarde? Também queremos saber, Ministra, se
a senhora vai aceitar a pressão solicitada pelo envolvido, ex-presidente Lula,
para que a senhora decidisse logo sobre uma questão que estava em suas mãos.
Eu particularmente, tenho uma curiosidade muito grande
sobre a sua decisão, ministra. Até prova em contrário, considero que seus votos são livres, democráticos, jurídicos e jamais covardes. Também
acredito, Ministra Rosa Weber, que a senhora não aceitará ser pressionada a
decidir sobre interesses pessoais de alguém que liga para a Casa Civil para
pedir a interferência da presidente da República sobre uma decisão que só cabe
a senhora.
O Brasil inteiro, Ministra, está esperando, ansiosamente,
que a senhora mostre independência e que não vai aceitar que alguém que tenta
fugir da justiça determine o que a senhor vai fazer. Mostre a todos que não é covarde e
que tem independência, Ministra Rosa Weber.