quinta-feira, 7 de abril de 2016

Opinião

Voto de cabresto*

A presidente Dilma Rousseff conseguiu se superar. Não bastasse ter feito a economia retroceder 25 anos e trabalhar com afinco para que o recuo da atividade produtiva se equipare ao da época da Grande Depressão, nos anos 30, ela agora faz de tudo para que também a política regrida aos tempos dos “coronéis”.

Muito antigamente, ainda na República Velha, os “coronéis”, como eram chamados os oligarcas locais, tinham várias maneiras de obrigar os eleitores a votarem em seus candidatos. Não era incomum que o chefe entregasse ao caboclo metade de uma cédula de dinheiro – e o infeliz só receberia a outra metade se votasse no nome indicado pelo “coronel”, sob a devida supervisão de seus peões.

Outro método consistia em dar ao eleitor apenas um pé de um par de botinas. Assim como no caso do dinheiro, o pobre ganhava o outro pé se o candidato do patrão vencesse a eleição.

Pois o que Dilma está fazendo no Congresso, em seu desespero para salvar-se do impeachment, em nada difere, em essência, dessa relação de mandonismo do Brasil arcaico. É a isso o que a alardeada modernidade política prometida pelo PT reduziu o exercício da Presidência da República.

Sem contar com o apoio do PMDB, Dilma e seu padrinho, o capo Luiz Inácio Lula da Silva, partiram para a negociação de votos no varejo: andam prometendo a parlamentares de diversos partidos, muitos dos quais nanicos sem nenhuma representatividade, preciosos cargos nos diversos escalões da administração, além de apetitosas verbas. Nunca se viu nada parecido com isso – até mesmo o notório deputado Paulo Maluf, pasme o leitor, sentiu-se à vontade para se dizer indignado com o feirão de Dilma.

No entanto, bem ao estilo dos “coronéis” que não confiam na fidelidade de seus empregados na hora do voto, Dilma mandou avisar que não entregará nenhum cargo antes da votação do processo de impeachment na Câmara. Ou seja: para fazer sua parte no acordo, a presidente quer ver primeiro em quem o parlamentar vai votar. Teme que aconteça o mesmo que houve em 1992 com o então presidente Fernando Collor, que acabou sendo traído em massa quando o impeachment foi ao plenário.

É o voto de cabresto. Dilma segue assim a lógica de um governo já inteiramente entregue às mais retrógradas práticas políticas e que se empenha em avacalhar de vez o Congresso. A presidente acha que está lidando com lobos vorazes e raposas felpudas e que precisa se cercar de garantias. Com apoio rarefeito dentro do Congresso, a petista lançou-se de corpo e alma à negociação com a ralé parlamentar, disposta a fazer qualquer negócio. Não é improvável, assim, que muitos desses deputados, diante da possibilidade de que o impeachment se torne irresistível e tenha, como já tem, amplo apoio da opinião pública, acabem preferindo ficar só com um pé do prometido par de botinas.

Só que todos se merecem e a desconfiança é recíproca. Os deputados que o governo está tentando cooptar também acham que, uma vez vitoriosa, Dilma pode deixar de entregar o que está oferecendo. Dizem que o governo petista não costuma honrar seus compromissos políticos. O fato de até a raspa do tacho do Congresso suspeitar da capacidade de Dilma de cumprir o que promete diz muito sobre o que é o governo do PT.

A propósito de se manter no poder, Dilma e Lula nivelaram a Presidência ao mais baixo patamar da atividade dita política. Não existe mais política, apenas negócios. Troca-se espaço dentro do governo não em razão de competências e habilidades, de afinidades partidárias ou programáticas, e sim, apenas e tão somente, por um voto contra o impeachment.

Um governo formado a partir desse tipo de conchavo condenaria o Brasil a um retrocesso sem paralelo na história recente. Executivo e Legislativo estariam se associando não para fazer respeitar a democracia, mas para solapá-la, em favor de sombrios negócios. Se esse processo não for interrompido, o “coronel” Lula, Dilma e a tigrada terão corrompido totalmente a política, empreendimento em que estão empenhados desde que o PT chegou ao poder. 
*Editorial publicado no Estadão.com em 07/042016

Para poupar energia e água

Venezuelanos terão feriados às sextas-feiras



Os funcionários públicos da Venezuela não vão trabalhar às sextas-feiras durante dois meses para reduzir o consumo de eletricidade e água no país, afetado por uma seca provocada pelo fenômeno meteorológico El Niño, anunciou o presidente Nicolás Maduro.

"Amanhã [hoje, dia 7] deve sair na Gazeta Oficial o decreto especial estabelecendo todos os dias de sexta-feira como não laboráveis a partir de sexta-feira desta mesma semana, durante abril e maio", disse Maduro, ontem (6) à noite, durante um programa na televisão pública venezuelana.

Segundo explicou, o decreto estabelece também que os centros comerciais e hotéis têm que passar a gerar nove horas diárias de eletricidade usando fontes próprias, em vez das atuais quatro a que são obrigados há várias semanas.

"Peço a máxima colaboração de todo o país. Faço um apelo ao país para que assuma este plano de 60 dias para poder superar o momento mais difícil e de maior risco", disse.

Segundo Nicolás Maduro, a barragem de El Guri, que garante 63% da energia elétrica do país, deve funcionar com um nível de água entre os 260 e 271 metros, mas esta quarta-feira chegou aos 243 metros, aproximando-se do "extremo de 240 metros".

Andrade Gutierrez

Planilha cita propina à campanha de Dilma

Otávio Azevedo
Executivos da construtora Andrade Gutierrez apresentaram à Procuradoria-Geral da República uma planilha que mostra pagamento de propina em forma de doação legal às campanhas da presidente Dilma Rousseff e de seus aliados em 2010 e 2014, segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo publicada nesta quinta-feira. A informação teria sido detalhada pelo ex-presidente da empresa Otávio Marques de Azevedo e pelo ex-diretor Flávio Barra enquanto tentavam fechar acordo de delação premiada com a procuradoria. A colaboração ainda precisa ser homologada pelo Supremo Tribunal Federal.

Aos procuradores, Otávio Azevedo contou que foi procurado pelo tesoureiro Edinho Silva, hoje ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, e por Giles Azevedo, ex-chefe de gabinete e atual assessor especial de Dilma. Os dois queriam dinheiro, mais dinheiro, 100 milhões a mais do que a quantia que a empreiteira havia combinado "doar" à campanha. Para explicar que não podia atender ao pedido, Azevedo explicou que os "acertos" da Petrobras já haviam sido repassados.

Edinho Silva
O tesoureiro e o assessor disseram que isso era outra coisa. Ou seja, Edinho e Giles, ao menos naquele instante, foram informados sobre a existência de repasses oriundos do petrolão. Não se surpreenderam ou não se interessaram. Como a pressão continuou, a Andrade "doou" mais 10 milhões à campanha petista. Em 2014, a campanha de Dilma recebeu oficialmente 20 milhões de reais da empresa.

Aos procuradores, Azevedo contou que a propina se referia a contratos do Complexo Petroquímico do Rio, da usina nuclear de Angra 3 e da hidrelétrica de Belo Monte. O empreiteiro explicou que dividia as doações em "compromissos com o governo" e a "parte republicana". A primeira seria a propina e a segunda, a doação espontânea prevista na legislação eleitoral. A tabela entregue à PGR ainda cita doações para o Diretório Nacional do PT nas eleições municipais de 2012, além dos pleitos de 2010 e 2014.

Em nota, o coordenador jurídico da campanha da presidente Dilma, Flavio Caetano, negou qualquer irregularidade nas doações feitas à petista.
(Com Veja.com/conteúdo)

07/04/2016


Estadão - Celso de Mello nega novo pedido de impeachment de Temer e cita separação de poderes
Para ministro do STF, não cabe interferência do Judiciário no ato do Legislativo; decisão não anula a abertura de processo contra o vice-presidente determinada pelo ministro Marco Aurélio Mello

Folha de São Paulo - Propina virou doação legal a Dilma em 2014, diz Andrade Gutierrez
Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da empreiteira, afirma em delação que financiou campanha com superfaturamento de obra da Petrobras e do setor elétrico

O Globo - Doleiro confirma que pagou US$ 5,1 milhões de propina para Cunha
Leonardo Meirelles, sócio de Alberto Youssef, afirmará ao Conselho de Ética que fez pagamentos a pedido de Youssef e Júlio Camargo

Estado de Minas - Prefeitura de BH corta lanche de professores
Docentes e funcionários das escolas municipais da capital não poderão merendar nas escolas a partir do dia 15

Correio Braziliense - Discussão de parecer de relator contra Dilma será retomada nesta sexta
Ele apresenta voto a favor do impeachment da presidente por crime de responsabilidade

Gazeta do Povo - Empreiteira bancou campanha de reeleição de Dilma com propina
Doações feitas pela Andrade Gutierrez à campanha da petista nas eleições de 2010 e 2014 foram provenientes de propina de obras superfaturadas da Petrobras e do sistema elétrico

Revista Veja - Relator: pedalada não é 'tecnicismo', é indício de 'atentado à Constituição'
Trecho do parecer desmonta a tese petista de que manobra fiscal não justifica a perda de mandato

Revista Época - Rede vai liberar os quatro deputados para votar como quiserem na sessão do impeachment
Já na Comissão Especial, Aliel Machado (PR), único representante da sigla, terá de seguir orientação do partido

Revista Carta Capital - Comissão especial dá sinal verde a pedido de impeachment
"Pedaladas fiscais" e créditos suplementares são justificativas do relatório de Jovair Arantes

Portal G1 - Vazamento de óleo atinge o mar no Litoral Norte do Rio Grande do Sul
Mancha de óleo tem cerca de 10 km de diâmetro no Oceano Atlântico. Suspeita é de que o vazamento tenha iniciado a partir de um navio.

Portal clicRBS - Confirmada quarta morte por gripe A no Rio Grande do Sul
Um outro caso suspeito na Serra ainda é investigado

Portal IG - H1N1: Procon notifica quem cobra caro por vacina
Para o órgão, preço da vacina contra a gripe custando mais que R$ 120 é um 'assalto'

Bom Dia!

Não é só o impeachment!

Evidente que o que mais preocupa os brasileiros é o problema econômico e político que  Brasil vem enfrentando. Não se fala em outra coisa a não ser na possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ontem mesmo, depois da leitura do relatório que pede o prosseguimento do caso na Comissão Especial da Câmara, os dois lados, oposicionistas e governistas, tiveram reações diferentes. Os primeiros aplaudiram e os outros desfizeram das alegações do relator e já anunciaram que pedirão a anulação do relatório caso ele seja aprovado.

Mas se em Brasilia, de resto em todo o Brasil, o que predomina é a discussão sobre o impeachment, em outros estados problemas que atingem diretamente o funcionalismo surgem com bastante força, obrigando governadores e prefeitos medidas extremas.

Já falei aqui que sou contra o parcelamento e muito mais do atraso no pagamento dos servidores. Acho que quem trabalha o mês inteiro, quem assume compromissos financeiros, tem obrigação de cumpri-los ao final de cada mês.

Aqui no RS, desde que assumiu, o governador José Ivo Sartori vem parcelando o pagamento do salário do funcionalismo. Não existe dinheiro em caixa. Governos anteriores, exceção para o de Yeda Crussius, foram raspando os cofres, gastando muito mais do que deviam e acabaram colocando o Estado num buraco sem fundo. Alguém precisava fazer alguma coisa e alguém teria que pagar pela inconsequência dos governantes anteriores, todos eles.

Lamentavelmente o reflexo está sendo sentido pelos servidores públicos que, ao final de cada mês, sofrem com parcelamento de seus salários.

Numa análise fria e racional do caso, sou dos que acreditam que todo o sofrimento de hoje, será recompensando ao final do governo do Sartori. Homem sério e trabalhador, não estaria sacrificando servidores estaduais pelo simples prazer de sacrificar. Motivos existem e soluções estão sendo buscadas, acredito. Ainda tenho esperanças que os servidores do Estado acabarão recompensados pelo sacrifício enorme a que estão sendo expostos.

Mas se aqui está ruim, no Rio de Janeiro, por exemplo, a situação é muito pior. Lá o governo ainda não pagou um centavo do salário de março, anunciou que não sabe quando vai pagar e já disse que vai atrasar o pagamento dos servidores, que decidiram entrar em greve.  Se receber parceladamente já é difícil, imagina não receber.

Em Belo Horizonte, a prefeitura municipal determinou o fim do lanche para os professores e servidores de escolas municipais. Cerca de 24 mil professores, auxiliares e servidores da rede municipal de educação de Belo Horizonte não poderão mais merendar nas escolas. A proibição começa a valer a partir do dia 15, e foi determinada em reunião com gestores no dia 1º. 

Alegando “grave crise econômica”, a administração municipal afirma que investe cerca de R$ 73,5 milhões por ano com alimentação, dos quais R$ 50 milhões em recursos próprios e o restante repassado pelo governo federal, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Mas os repasses federais estão congelados desde 2009, gerando uma defasagem de 46,8%, referente à inflação acumulada no período.

Fiz questão de mostrar que o quadro é quase geral já que acredito que em muitos outros estados e municípios a situação não seja diferente, para salientar que não sou daqueles que afirmam, como muitos fazem, que aqui está ruim, mas lá está igual ou pior. Acho que cada um deve tratar de seus problemas e, se possível, contribuir para que com os outros não aconteça a mesma coisa.

Analisando o Brasil como um todo, se vê claramente que não é só o impeachment que preocupa.

Tenham todos um Bom Dia!