Prisão de Argello mira OAS e UTC
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Fotos: Reprodução |
Na semana em que o processo de impeachment da presidente
Dilma Rousseff é discutido na Câmara dos Deputados, a Polícia Federal deflagrou
nesta terça-feira a 28ª fase da Operação Lava Jato. Batizada de Vitória de
Pirro, a investigação tem como alvos o ex-senador governista Gim Argello
(PTB-DF) e empreiteiras como a UTC e OAS, cujos dirigentes já foram condenados
pelo juiz Sergio Moro por envolvimento com o escândalo do petrolão. Segundo os
investigadores, Gim teria atuado para impedir a convocação de executivos de
empreiteiras para prestar esclarecimentos na extinta CPI mista da Petrobras e,
como vice-presidente da comissão, recebido apenas da UTC pixulecos de 5 milhões
de reais para distribuir a aliados por meio de doações eleitorais disfarçadas,
método já tornado célebre entre os investigados no petrolão. Gim e dois
assessores foram presos na manhã de hoje.
De acordo com
investigadores, "destacado integrante" da CPI mista e da CPI da
Petrobras no Senado "teria atuado de forma incisiva no sentido de evitar a
convocação de empreiteiros para prestarem depoimento, mediante a cobrança de
pagamentos indevidos travestidos de doações eleitorais oficiais em favor dos
partidos de sua base de sustentação. "Em que pese a atuação criminosa dos
investigados no sentido de impedir o sucesso da apuração dos fatos na
CPI/Senado e CPMI/Congresso Nacional, tal fato se mostrou inútil frente aos
resultados das investigações realizadas no âmbito da denominada Operação Lava
Jato", afirmou a PF.
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Walmir Sanatana |
O cerco contra
o ex-senador Gim Argello, mais um dos políticos próximos à presidente Dilma
Rousseff a ter que prestar esclarecimentos à justiça, se tornou mais forte
depois das revelações do ex-diretor financeiro da UTC Walmir Santana, delator
da Operação Lava Jato. Em 2014, com o fim do mandato se aproximando - ele
chegou ao posto de senador depois que o titular, Joaquim Roriz, renunciou em
meio a um escândalo de corrupção - Argello chegou a ser indicado formalmente
pelo Palácio do Planalto para uma vaga como ministro do Tribunal de Contas da
União (TCU). Uma intensa campanha foi montada depois do episódio sob a alegação
de que Gim não tinha reputação ilibada e, ao final, o então senador desistiu de
manter-se como indicado ao TCU.
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Ricardo Pessoa |
Em sua delação
premiada, Santana afirmou que "ficou acertado entre Ricardo Pessoa [dono
da UTC] e Gim Argello que tal senador atuaria no sentido de que ele, Ricardo
Pessoa, não fosse chamado a depor na CPMI". "Em contrapartida,
Ricardo Pessoa faria contribuições em favor das pessoas indicadas por Gim
Argello", completou o delator. Em julho de 2014, chegou-se a valor de 5
milhões de reais em propina para o ex-senador distribuir a aliados.
Ainda conforme
a versão apresentada pelo ex-dirigente da UTC, os repasses começaram a ser feitos
a partir de 10 de junho de 2014 para partidos como o PR, o PMN, o PRTB e o DEM,
um dos principais partidos de oposição ao governo federal. Ao todo, a
empreiteira contabilizou 1,7 milhão de reais em dinheiro sujo enviado ao DEM, 1
milhão de reais ao PR, 1,150 milhão de reais ao PMN e 1,150 milhão de reais ao
PRTB. "Os fatos são alarmantes porque há fortes indicativos de que uma
comissão de investigação parlamentar, que tem um importante papel de
investigação de fatos graves em nossa democracia, foi usado por um então
senador para, em vez de combater a corrupção, praticá-la", disse o
procurador da República Athayde Ribeiro Costa, que integra a força-tarefa da
Lava Jato.
No caso da
OAS, foram detectados repasses de 350.000 reais em propina para Gim Argello.
Ele utilizou uma conta bancária de uma paróquia no Distrito Federal para
receber o dinheiro sujo. A prova são mensagens no celular do presidente do
Grupo OAS Leo Pinheiro. Em maio de 2014, data da instalação da CPI da Petrobras
no Senado, Pinheiro solicita que seja feito pagamento de 350.000 reais à conta
da paróquia. A empreiteira anotou como centro de custo do repasse de dinheiro
uma obra da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
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Leo Pinheiro |
Nas mensagens,
em um trocadilho do empreiteiro, Gim é associado à alcunha de
"Alcoólico". Depois do pagamento, efetivamente realizado em 19 de
maio daquele ano, Leo Pinheiro também não foi convocado para prestar
esclarecimentos à CPI.
Na 28ª fase da Lava Jato, cem policiais federais estão
nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Taguatinga (DF) e Brasília cumprindo
21 ordens judiciais, sendo 14 mandados de busca e apreensão, 1 mandado de
prisão preventiva, 2 mandados de prisão temporária e 4 mandados de condução
coercitiva. (Com Veja.com/Conteúdo)