Temer descarta possibilidade se assumir
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Foto: Reprodução |
O vice-presidente Michel Temer descarta aumentar impostos
em vigor e também rejeita criar um tributo nos mesmos moldes da Contribuição
Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), se assumir a Presidência da
República. Em conversas com alguns de seus principais conselheiros, o vice
avaliou que, com a economia em recessão, o país não tem como suportar essa
carga agora.
A estratégia para fechar as contas públicas numa eventual
gestão de Temer passa pelo corte de gastos públicos e reformas estruturais, a
exemplo das mudanças sugeridas para a Previdência. A solução tem o apoio do
ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, com quem Temer conversou no
sábado, 23, e do ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, que se reuniu com ele na
semana passada.
No domingo, 24, foi a vez do presidente da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, se encontrar com Temer,
no Palácio do Jaburu, para entregar uma proposta de ajuste fiscal sem aumento
de impostos, com enfoque no corte de gastos públicos e na melhoria da gestão. A
reunião durou seis horas. Na saída, Skaf afirmou que, embora o objetivo da
visita não fosse "colher compromissos", Temer concordou com a visão
de que o aumento da carga tributária acabaria agravando a crise econômica.
"Numa situação como essa, em que os serviços
públicos são de má qualidade, de escândalos de corrupção, o governo não deveria
ter essa moral de pedir à sociedade mais impostos", afirmou Skaf.
"Tem que mostrar serviço primeiro. Tem que dar o exemplo, cortar
desperdício, cortar gastos, acertar as contas dentro do orçamento. A partir
daí, com a retomada do crescimento, a arrecadação de impostos aumentará
naturalmente."
A Fiesp é responsável pela campanha "Não vou pagar o
pato", contra o aumento de tributos, e esteve presente no apoio ao
impeachment da presidente Dilma Rousseff. A campanha nasceu em setembro de
2015, contra a reedição da CPMF. A entidade não revela o valor da campanha,
financiada em parte com recursos públicos.
Filiado ao PMDB, Skaf agora desponta como conselheiro de
Temer e disse no domingo que não apoiará, "em hipótese nenhuma", a
volta do tributo ou a criação de outro imposto. "Há, sim, formas de se
ajustar as contas, sem aumento de impostos, sem prejuízo dos programas sociais.
Há muito desperdício, muito gasto que pode ser evitado", afirmou.
Estudos da Fiesp mostram que, a cada um ponto porcentual
de aumento do Produto Interno Bruto (PIB), a arrecadação aumenta 1,5 ponto.
Skaf disse que não conversou com o vice sobre a formação
do Ministério, caso o impeachment da presidente seja aprovado no Senado.
Meirelles foi sondado no sábado por Temer para comandar a Fazenda. Embora
oficialmente negue a sondagem, Meirelles disse a Temer que pode aceitar a
tarefa, desde que tenha carta branca para comandar a área econômica, sem
ingerências políticas.
A exigência prevê que a escolha de nomes para o
Ministério do Planejamento, Banco Central, Caixa Econômica Federal, Banco do
Brasil e até Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) passe
pelo seu crivo.
Temer e Meirelles combinaram de voltar a conversar em
meados de maio, após o julgamento do processo de impeachment no plenário do
Senado.
(Agência Estado)