Temer escrutina gastos de Dilma
A equipe do presidente em exercício Michel Temer pretende
concluir neste mês um levantamento para rebater as acusações e críticas que ele
vem recebendo do PT e de setores aliados ao partido nos movimentos sociais e na
classe artística. No limite, a auditoria feita pela nova administração pública
do País tentará demonstrar que a presidente afastada Dilma Rousseff praticou
“malversação de recursos públicos”, o que é crime conforme a lei.
Nesta segunda-feira, Temer concede uma entrevista
coletiva para fazer uma prestação de contas do que encontrou, porém ele não
deverá abordar esse tipo de gastos e se concentrará apenas na análise do
cenário mais amplo das finanças do País. Segundo o ministro Geddel Vieira Lima,
será “uma satisfação” dada à sociedade de como o governo em exercício encontrou
a administração pública, mas sem revanchismo. “Não é um inventário com espírito
revanchista”.
Esse escrutínio abrange os gastos diretos da Presidência
da República, incluindo despesas do governo federal realizadas por meio do
cartão de pagamento do governo, o chamado “cartão corporativo”. A título de
ilustração, só em 2014, último ano do primeiro mandato de Dilma, o núcleo
administrativo ligado diretamente à presidente gastou R$ 747,6 milhões.
A análise dos gastos, no entanto, não se limitará à
Presidência. Já foram encontrados indícios do mau uso do dinheiro público pela
gestão petista em áreas como educação, cultura e gastos do governo federal no
exterior. Editais e licitações serão revirados. Estão na mira ainda publicidade
e comunicação. Nesses setores, no entanto, a auditoria informal está longe de
terminar.
A equipe de Temer também está passando um “pente-fino”,
nas palavras de um assessor do presidente em exercício, nas despesas do Palácio
do Planalto com a realização de eventos oficiais que acabaram se transformando
em atos de defesa do mandato de Dilma, neste ano e em 2015.
Gastos com viagens, hospedagens e despesas pessoais de
integrantes da antiga gestão e com convidados de Dilma são outros alvos da
apuração, que está sendo mantida em sigilo. Oficialmente, o governo Temer nega
que esteja escrutinando as contas da gestão Dilma, mas um ministro confirmou a
iniciativa. Segundo ele, a medida só foi determinada após o que o presidente em
exercício considerou ser um ataque frontal e desleal aos primeiros dias de seu
governo interino e ao País com a série de entrevistas de Dilma a veículos de
comunicação estrangeiros.
Para Temer, Dilma diminui a imagem do Brasil e joga
contra a recuperação do País ao propagar a ideia de que a governo interino é
fruto de um golpe contra as instituições apenas para defender seu interesse
pessoal. (Agência Estado)