sexta-feira, 4 de novembro de 2016

OPINIÃO

Desde criancinhas*

Eliane Cantanhêde

Bastou o governador Geraldo Alckmin (PSDB) botar a cabeça de fora na sucessão presidencial, como o grande vitorioso das eleições municipais, para seus dois adversários tucanos não só se mexerem, mas até se reaproximarem. Sim, senhores e senhoras, o senador Aécio Neves e o ministro José Serra andam no maior tititi e com um discurso comum: eleições municipais são municipais, eleições presidenciais são presidenciais, e uma coisa não tem nada a ver com a outra. Certamente, Alckmin discorda.

Presidente nacional do PSDB e “dono” da máquina partidária, Aécio foi solidário com Serra e até se ofereceu para soltar uma nota do partido para defendê-lo quando requentaram a informação de que a campanha dele recebeu doações da Odebrecht no exterior. Conversa daqui, conversa dali, ambos concluíram que tal nota teria efeito bumerangue, chamando atenção para a delação e voltando-se contra Serra. Mas abriu-se o canal.

Os contatos continuaram, os dois têm se falado por telefone com frequência e vão se encontrar amanhã em São Paulo para botar o papo em dia, deixar as divergências (por ora...) de lado, fazer um balanço das eleições municipais e discutir posições comuns nas disputas que estão logo aí: pela presidência da Câmara, pelas lideranças tucanas na Câmara e no Senado e pela presidência do próprio partido, além de prévias para escolher o nome de 2018.

Na Câmara, encorpa a tese de manter Rodrigo Maia (DEM), considerado pelo deputado Roberto Freire (PPS) como “o nosso Itamar”, em uma referência ao ex-presidente Itamar Franco, que chegou ao Planalto pelo destino, sem grandes pretensões, mas capaz de dialogar à esquerda e à direita e a tocar o barco com pouca resistência e alguma competência. Quanto mais Centrão, PSDB, PMDB e a oposições se digladiarem – e se neutralizarem –, mais a opção Maia cresce.

Mas, lembrando que Aécio e Serra têm mandato no Senado, enquanto Alckmin fica a distância de Brasília, como governador de São Paulo, os dois já discutem até um candidato comum para a liderança na Câmara: Marcus Pestana, de Minas. Ele é tido como o principal articulador de Aécio no Congresso, mas é economista, vem da juventude católica e tem um passado mais à esquerda, como Serra. E não é que Serra e Pestana vão conversar na terça-feira?

Na segunda-feira, entre o encontro de Serra com Aécio e o de Serra com Pestana, Alckmin estará onde mesmo? Em Belo Horizonte de Aécio, em um dos 20 eventos suprapartidários de lançamento em vários Estados da nova vacina contra a dengue, um excelente pretexto para que o principal vitorioso das eleições municipais circule livremente pelo País... em campanha. Na capital mineira, aliás, Alckmin vai aproveitar para confraternizar com o atual prefeito, Márcio Lacerda, do PSB. Em São Paulo, o PSB já é “alckmista”. Dizem que em Minas está começando a ser.

Enquanto isso, Aécio foca o PSDB para manter a tropa unida – em torno dele, claro – e Serra usa a trincheira do Itamaraty para fazer a política externa repercutir na interna. Passou o feriado telefonando para os chanceleres da Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Chile, pedindo que venham a Brasília ou enviem alguém com status de ministro para a reunião de segurança de fronteiras, no dia 16. Então, todo mundo diz que a eleição municipal não tem nada a ver com a presidencial, mas que mexe com os nervos dos presidenciáveis lá isso mexe. Só não mexe mais do que a Lava Jato.

Recordar é viver. Como o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) incluiu o presidente Michel Temer e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre suas testemunhas de defesa, vale lembrar que isso tem um efeito mais psicológico do que prático. Em 2011, o coronel Brilhante Ustra chamou como suas testemunhas o ex-presidente José Sarney e o ex-ministro Jarbas Passarinho. Nenhum dos dois deu as caras e ficou por isso mesmo.

*Publicado no Portal Estadão em 04/11/2016

04/11/2016


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BOM DIA!

A vitória de quem grita mais alto

O fato está se repetindo todos os dias. Estamos assistindo, cada vez mais, grupos minoritários impondo sua vontade sobre contingentes maiores de pessoas. É o poder dos menos contra os mais.

Agora mesmo, na questão envolvendo o Enem, como já tinha ocorrido no dia das eleições de segundo turno, um grupelho de estudantes (?) ocupa escolas estaduais e impede que 191 mil pessoas exerçam o direito de entrar no prédio e prestar o exame que poderá abrir a porta para a Universidade. Nas escolas, em cada uma, não mais do que 50 manifestantes impondo sua vontade contra a de centenas de verdadeiros alunos, os que realmente querem estudar e, se for o caso, protestar ao mesmo tempo, mas sem impedir que as aulas prossigam.

O governo já anunciou que a despesa com as provas do Enem sendo realizadas em dezembro, será em torno de R$ 12 milhões, dinheiro que sai do bolso de todos nós e que, de certa forma, poderia ser aplicado na própria educação, tão defendida pelos organizados, ou nem tanto, manifestantes.

Se alguém souber ou puder me explicar os motivos que levam as autoridades responsáveis pela segurança e pela educação a admitirem que uma minoria insignificante imponha sua vontade a vontade de uma maioria, que me explique. Eu sigo não entendo como pode haver condescendência com pequenos grupos que impedem o livre entrar e sair das escolas públicas daqueles que querem estudar.

Ontem, em São Paulo, um grupo formado por 50 estudantes (?) ocupou o prédio de uma universidade, se não estou enganado. Imediatamente a Força Pública foi até o local, cercou o prédio, prendeu os manifestantes e levou para uma delegacia de polícia. Não houve uso da força, mas da defesa do direito dos demais estudantes usarem o prédio livremente.

Em Minas Gerais, os estudantes que querem estudar, que são maioria, reagiram contra os que ocupavam um prédio público, ou seja, o de uma escola pública, e fizeram com que saíssem, sem brigas, sem agressões, apenas impondo a vontade da maioria. E as aulas, lamentavelmente contra a vontade de alguns professores engajados na ‘luta’ dos minguados manifestantes, voltaram a ser ministradas normalmente.

Ontem assisti a um vídeo feito pelo celular de alguém, do interior de uma sala de aula onde os ‘manifestantes’ protestavam contra a PEC 241, que muitos nem sabem o que é e contra as modificações no ensino médio. Pois assim como já havia ocorrido na Câmara Municipal de Porto Alegre, muitas das ‘alunas’ estavam só de calcinhas e eram apalpadas pelos manifestantes, tudo provavelmente como forma de protesto contra o governo. As cenas mostradas no vídeo, mais pareciam de um filme pornô de última categoria, com atrizes do mesmo naipe.

Enquanto isso, 191 mil pessoas, estudantes que buscam um futuro melhor, mas sabem que terão que trabalhar para chegar lá, estão sujeitas à vontade de um bando muito pequeno de futuros, ou atuais, marginais que certamente não passariam num teste antidrogas.

Está mais do que na hora de acabar com este tipo de protesto onde a força da minoria se impõe sobre a maioria. É preciso acabar com a força dos que gritam mais alto!

Tenham todos um Bom Dia!