sábado, 17 de dezembro de 2016

➤BOA NOITE!


O Bar Fascinação, na Avenida Getúlio Vargas, no Bairro Menino Deus, foi pioneiro em dedicar uma noite especial para o karaokê, que já fazia sucesso em São Paulo, por exemplo. Acho que foi nos anos 80. 

Fui apresentador, o primeiro, da novidade em Porto Alegre. O sucesso foi tanto que o Fascinação, que abria as portas aos domingos para os 'karaokeiros', foi obrigado a dedicar as noites de segunda-feira também para quem gostava de subir ao palco e cantar.

Lembro que abria o karaokê, muitas vezes para dar coragem aos presentes, cantando a música Cotidiano número 2, de Vinicius e Toquinho,  cujo play back foi gravado por integrantes do conjunto Brasil Ritmo 70, do qual eu fazia parte.

É de Vinicius e Toquinho a gravação que selecionei para hoje, matando um pouco da saudade de um tempo que vai durar para sempre.



➤Voltando para Bangu 8

Sérgio Cabral desembarca no Rio


O ex-governador do Rio Janeiro Sérgio Cabral Filho (PMDB) deixou a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba e desembarcou há pouco no aeroporto Tom Jobim, no Rio, direto para o Complexo de Bangu, na capital carioca. A mudança ocorre após decisão do desembargador Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2).

Sérgio Cabral foi capturado em 17 de novembro pela Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato. Preso, foi levado para o Complexo de Bangu. Após suspeita de irregularidades nas visitas, o juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal, do Rio, ordenou a transferência de Sérgio Cabral para Curitiba. No Paraná, o peemedebista é alvo de um mandado de prisão preventiva expedido pelo juiz federal Sergio Moro.

A decisão do desembargador federal Abel Gomes atende pedido da defesa de Cabral. Na última terça-feira, um dos advogados do ex-governador  afirmou que a transferência dele foi desnecessária e atingiu o direito de defesa. O advogado Raphael Mattos disse ainda que a decisão contrariou a lei uma vez que o ex-governador deveria ficar próximo de sua família. O peemedebista é alvo em duas ações penais: uma na Lava Jato, no Paraná, e outra na Calicute, no Rio.

O juiz federal Sergio Moro abriu ação penal ontem (16/11) contra o ex-governador por propina de pelo menos R$ 2,7 milhões da empreiteira Andrade Gutierrez, entre 2007 e 2011, referente as obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobras. Sergio Cabral é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro.

A Procuradoria da República, no Rio, denunciou Sérgio Cabral por associação criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro. O juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal, do Rio, aceitou a denúncia. Sérgio Cabral é acusado por 164 atos de lavagem de dinheiro e 49 de corrupção passiva.

➤Zelador do triplex

‘Todos sabiam lá que o apartamento pertencia ao Lula’


O ex-zelador do Condomínio Solaris, no Guarujá (SP), José Afonso Pinheiro, afirmou nesta sexta-feira, 16, que ‘todos sabiam’ que o triplex 164/A ‘pertencia ao ex-presidente Lula’. Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, Pinheiro disse que a ex-primeira dama Marisa Letícia ‘se portava lá como proprietária do apartamento’.

“Nunca a vi se portar como alguém interessada em comprar apartamento.”

Pinheiro foi arrolado pelo Ministério Público Federal como testemunha de acusação na ação penal contra Lula por suposto recebimento de R$ 3,7 milhões em propinas da empreiteira OAS. Zelador há 20 anos, ele trabalhou no Solaris entre novembro de 2013 e abril de 2016.

A audiência, por vídeoconferência, foi tensa. Pinheiro se exaltou quando indagado pela defesa de Lula sobre sua filiação ao PP depois que foi demitido do Solaris – ele saiu candidato a vereador com o nome ‘Afonso Zelador do Triplex’. Irritado com o questionamento, Pinheiro ofendeu os advogados do ex-presidente. “Vocês são uns lixos.” Moro interrompeu a testemunha e pediu que tivesse calma.

Os investigadores acreditam que o ex-presidente é o verdadeiro proprietário do imóvel, que passou por uma reforma bancada pela OAS. Lula nega ser o dono do apartamento.

No início da audiência, o procurador da República perguntou ao zelador se ele tinha algum tipo de informação sobre a reforma da unidade 164/A. “Tenho sim senhor”, respondeu Pinheiro.

O que foi feito nessa obra?, perguntou o procurador.

“Mudanças na parte debaixo do apartamento, a instalação do elevador no apartamento e obras na área da piscina.”

Ele disse que Lula visitou o apartamento. “Ele, dona Marisa, mais um grupo de segurança, corpo de segurança, juntamente com o pessoal da OAS, junto também.”

“Era dito que o apartamentro pertencia a Lula?”, indagou o procurador.

“Sim, todos sabiam lá que o apartamento pertencia ao ex-presidente Lula. Inclusive, até os condôminos sabiam que era dele o apartamento. Sempre houve esse comentário lá. Antes da visita o pessoal já comentava que o apartamento era dele.”

O zelador contou sobre uma segunda visita de Lula. Quem foi nessa segunda visita? perguntou o procurador. “Lula, dona Marisa, mais um corpo de segurança, inclusive a segurança parava o elevador que a OAS fazia uma decoração no hall e no próprio apartamento para receber.”

O procurador perguntou também se Marisa esteve lá no prédio depois. “Sim, eu que apresentei todas as áreas para ela, piscina, salão de festa, área comum que ela achou muito boa, próxima da praia. Falou que era na areia.”

A defesa iniciou, então, uma série de perguntas à testemunha, parte delas indefedira pelo juiz Moro, que não viu pertinência com os termos da acusação.

Ao ser questionado sobre sua filiação ao PP, o zelador disse ao advogado de Lula. “Você não sabe o que é uma pessoa desempregada. Fui envolvido numa situação que não tenho culpa nenhuma. Perdi meu emprego, perdi a minha moradia. O que você faria numa situação, você nunca passou por isso. Vocês são um bando de lixo, lixo, o que está fazendo com o nosso país.”

O advogado de Lula perguntou a Pinheiro quem estava presente na segunda visita ao triplex.

 “Não falei para você que foi na segunda visita que eu mostrei as áreas para dona Marisa? Que ela foi ver a área da piscina, salão de festa, o hall, todas as áreas do condomínio? Inclusive ela estava elegantemente vestida, bem vestida. Conversou bastante, pessoa bastante popular, entendeu?”

“Sempre quando ele (Lula) ia lá, tinha várias pessoas com ele, inclusive, o Igor (Pontes, engenheiro da OAS) falava, quando eles iam entrar com o carro, para já deixar o portão aberto: ‘Abre o portão, deixa o portão aberto para já entrarem direto para a garagem. Tinha um corpo de pessoas com ele. Iam três, quatro seguranças junto.”

Pinheiro declarou ter recebido orientação do engenheiros da OAS Igor Pontes ‘a não falar nada que o apartamento pertencia ao sr. Luiz Inácio e à dona Marisa, era para falar que o apartamento pertencia à OAS’.

“A orientação nós já tínhamos recebido para não falar que o apartamento era dele (Lula), que o apartamento pertencia à OAS e não ao Luiz Inácio e à dona Marisa. Isso aí já falando de uma vez com a pessoa, o bom entendedor já basta”, disse.

No fim da audiência, o juiz Moro pediu desculpas ao ex-zelador. “Agradeço a sua colaboração, sua disposição de vir depor como testemunha, mais uma vez eu reitero que o sr. não está sendo acusado de nada, eu lamento pelo fato de o sr. ter perdido o seu emprego nessa ocasião. Lamento muito isso. E lamento se algumas perguntas tenham soado ofensivas ao sr., acredito que não tenha sido a intenção do advogado, mas ainda assim eu peço desculpas em nome do juízo e agradeço a sua colaboração. Muito obrigado”, disse o magistrado.

Agência Estado

➤BOM DIA!

Desrespeito como estratégia*

Alvo de múltiplos inquéritos, todos bem comprovados, o ex-presidente Lula se acha perseguido pela Justiça. Indiciado mais uma vez pela Polícia Federal (PF) sob acusação de ter recebido propina de empreiteiros camaradas, o chefão petista considera que tudo o que se levantou até agora contra ele faz parte de um grande complô para impedir que volte, triunfante, à Presidência. A estratégia de desmoralizar o Judiciário, imputando-lhe segundas e inconfessáveis intenções, reafirma o cabal menosprezo de Lula pelas instituições, já devidamente comprovado pela conspurcação do Executivo e do Legislativo no lamaçal do mensalão e do petrolão, obras-primas do mandarinato lulopetista. Como não pode admitir nenhuma falha ética, já que tal confissão tisnaria a imagem de pureza que criou para si, Lula prefere arrastar para o fundo do poço moral todos os que dele cobrarem explicações sobre suas reinações.

Para isso conta com a ajuda de uma dispendiosa banca de causídicos, todos devidamente empenhados em provocar policiais, promotores e juízes, acusando-os sistematicamente de má-fé contra Lula e de cercear-lhe a defesa. Assim, esperam que esses agentes públicos finalmente tomem providências legais para pôr cobro a tanto desrespeito, uma reação que, imaginam, comprovaria sua esdrúxula tese de perseguição política.

É claro que se trata da mais pura chicana, levada a um extremo raramente visto na história do País. Em nota, o time de advogados do ex-presidente diz que tanto o delegado da Polícia Federal Márcio Anselmo, responsável pelo novo indiciamento, como a própria Operação Lava Jato “perderam hoje qualquer pudor ou senso do ridículo”. Um dos advogados de Lula chegou a dizer que Anselmo “é conhecido apoiador de Aécio Neves”, insinuando que o delegado estaria a serviço do senador tucano.

O indiciamento diz respeito a dois casos. O primeiro trata da compra de terreno onde seria erguido o Instituto Lula e que, segundo a acusação, foi usada para disfarçar o recebimento de propina por parte da Odebrecht. O negócio teria sido intermediado pelo ex-ministro Antonio Palocci, visto como operador de propinas pagas pela Odebrecht ao PT, razão pela qual também foi indiciado.

O segundo caso trata do aluguel de um apartamento vizinho ao de Lula em São Bernardo. Também aqui, o imóvel teria sido alugado ao ex-presidente, em um contrato firmado pela ex-primeira-dama Marisa Letícia, como forma de ocultar o fato de que o apartamento na verdade pertence a Lula e foi obtido com dinheiro de propina da Odebrecht. Por esse motivo, Marisa Letícia também está entre os indiciados.
Esses indiciamentos se juntam ao do inquérito sobre o triplex do Guarujá, imóvel que também teria servido para ocultar o pagamento de suborno, nesse caso por parte da empreiteira OAS.

Tudo isso precisa ser provado em juízo, e Lula, como qualquer cidadão, terá amplo direito de se defender. Mas o chefão petista não se considera um cidadão comum. Ele pensa habitar uma espécie de Olimpo, reservado aos deuses infalíveis, aos quais a justiça dos homens não se aplica. Só isso é capaz de dar sentido à declaração dos advogados de Lula segundo a qual os indiciamentos da PF saíram “no mesmo dia em que pesquisas revelam que Lula lidera a corrida presidencial” e, portanto, têm o único propósito de inviabilizar a candidatura do demiurgo petista.

Em outra frente dessa bufonaria, os advogados de Lula empenharam-se mais uma vez em tentar tirar o juiz Sérgio Moro do sério e estiveram a um passo de conseguir, fazendo o geralmente frio magistrado perder as estribeiras diante da reiterada insolência da defesa do ex-presidente durante uma oitiva. Isso é tudo o que a tigrada quer, para que possa caracterizar, para os incautos, a “perseguição” que vive a denunciar, aqui e no exterior.

Espera-se que os agentes da lei envolvidos na tarefa de levar Lula a responder por seus atos não se deixem intimidar e não hesitem em usar os instrumentos jurídicos disponíveis para finalmente impor o respeito que lhes é devido como representantes da Justiça.

*Publicado no Portal Estadão em 17/12/2016