domingo, 19 de fevereiro de 2017

➤BOA NOITE!


Elvis Presley, sem nenhuma dúvida, foi um cantor, ator, músico que ocupou os maiores espaços entre quem fez sucesso no mundo todo. Multidões, por muitos anos, seguiram o chamado “Rei do Rock" através de discos, filmes e shows.

Em 1958, Elvis foi para o exército, uma convocação real, facilmente descartável, porém aproveitada comercialmente por seu empresário para expandir sua faixa de público. Transferido, permaneceu na Alemanha de outubro de 1958 até março de 1960

Para este domingo, selecionei um vídeo com cenas de Elvis Presley durante sua passagem pelo exército americano, fazendo fundo para um de seus grandes sucessos, It’s now or never


➤BOM DIA!

Tucanizando Temer?*

A simbiose entre Temer e tucanos só aumenta, 
mas sempre com um pé atrás

Eliane Cantanhêde

Quanto mais fracos ficam os homens fortes do PMDB, mais Michel Temer se aproxima dos caciques do PSDB e mais profundamente o PSDB mergulha no governo e no coração do poder. Isso vale para atravessar a “pinguela” (como Fernando Henrique Cardoso chama a transição com Temer), mas principalmente para chegar em terra firme a 2018.

Convencido de que a economia iria ao fundo do poço com Dilma, Serra foi o primeiro grão tucano a aderir ao impeachment e à posse “do Michel”, quando FHC ainda rejeitava a ideia, Aécio apresentava sérias restrições e Alckmin lavava as mãos. Depois, com o destino de Dilma traçado, Serra pôs o pé no Itamaraty de Temer, mas Aécio só aceitava apoiar o governo sem assumir protagonismo num projeto de futuro incerto. Alckmin? Já então partia para um voo solo, com alianças para além do PSDB e muito distantes do PMDB.

Hoje, o PSDB só tem um ministro a menos do que o PMDB de Temer e está no coração do poder desde a posse do tucano Antonio Imbassahy na articulação política. FHC, Serra e Aécio formaram um triunvirato que visualiza um 2018 assim: a economia em recuperação e o PMDB sem nenhum nome para surfar nessas condições. Ou seja: o sucesso, ou o meio sucesso, de Temer tenderia a reverter a favor de um tucano ou de um novo nome, como Henrique Meirelles (pelo PSD ou por qualquer partido).

Pelas pesquisas de hoje, que dizem pouco, mas são o que há à disposição para análise, os colocados são Lula, disparado na frente, Marina Silva, beneficiada pelo “recall” de 2010 e 2014, e Jair Bolsonaro, um fogo de palha para animar a direita ácida, saudosa do regime militar. O PMDB é um grande ausente, o PSDB marca posição com Aécio, Meirelles não existe. Na avaliação dos grupos no poder, é preciso realinhar essas forças para 2018.

Temer patina numa popularidade equivalente à de Dilma nos estertores e qualquer pessoa vê a olho nu que o PMDB mantém o comando do Senado e tem expressiva bancada na Câmara, mas vive um processo de desmanche: Eduardo Cunha preso, Renan com seus problemas, o núcleo duro de Temer esfarelando. Jucá, Henrique Alves e Geddel caíram, Moreira Franco questionado e Eliseu Padilha na linha de fogo. Ok, Aécio e Serra são citados por delatores da Lava Jato e as da Odebrecht ameaçam invadir firmemente São Paulo, mas as dificuldades dos peemedebistas são muito mais diretas do que as relações tucanas com campanhas. Ao menos até agora.

É assim que Temer sempre quis Alexandre de Moraes para o Supremo, mas estimulando as especulações públicas justamente entre os dois candidatos dos tucanos: o próprio Alexandre e Ives Gandra Filho. E negociou diretamente com Aécio a indicação do ex-ministro do STF Carlos Velloso para a Justiça, que é um ponto fora da curva na aproximação Temer-tucanos. O que parecia um golpe de mestre, por incluir um mineiro no primeiro escalão, mas escantear um “notório” do PMDB do Estado, virou um tiro no pé com a recusa do escolhido.

A conversa final de Temer com seu velho amigo Velloso foi formal, mas irritada, e a irritação é também com Aécio. Temer acha que Aécio saiu trombeteando o convite a Velloso como vitória sua e que Velloso aproveitou para atrair os holofotes. No fim da festa, cabe a ele o enterro dos ossos, a limpeza da casa e, o que é pior, enfrentar as pressões tudo de novo.

O episódio mostra que, por mais que Temer esteja se tucanizando e os tucanos mergulhem até o pescoço no governo, o PSDB é o PSDB, o PMDB é o PMDB e a relação Temer-tucanos é boa, mas tem limites. Aliás, Temer chegou a pôr o pé no PSDB em 1988, mas desistiu do novo partido para ficar no seu bom e velho PMDB. A parceria existe e é forte, mas todo mundo com um pé atrás. E com Meirelles na espreita.

*Publicado no Portal Estadão em 19/02/2017