domingo, 16 de abril de 2017

➤BOA NOITE!


Frank Sinatra (Francis Albert Sinatra) foi um cantor e ator norte-americano, considerado uma das maiores vozes do século XX, com mais de 50 anos de carreira. Começou a fazer sucesso durante a Swing Era e lançou centenas de canções que se tornaram imortais, como Killing Me Softly, Strangers in the Night, New York, New York, My Way, Fly Me to the Moon, entre outras.

Para este final de Domingo de Páscoa, selecionei uma apresentação ao vivo em que Sinatra canta Strangers in the night,um de seus maiores sucessos.


➤Quem é quem

Apelidos dos gaúchos na Odebrecht


Parece apenas brincadeira, mas a criatividade dos executivos da Odebrecht para criar apelidos a beneficiados de valores repassados pela empresa tinha um motivo prático.

Segundo Benedicto Júnior, diretor do "departamento da propina" da Odebrecht, os apelidos eram usados para que os funcionários do “baixo clero” da área que fazia os repasses irregulares não ficassem sabendo para quem ia o dinheiro.

As pessoas que tinham contato com as autoridades é que escolhiam os codinomes. Como não havia um centralizador nas operações, o mesmo beneficiado pode aparecer com mais de um apelido, ou então, o mesmo apelido ser usado para designar pessoas diferentes.

A lista abaixo, com apelidos de gaúchos, tomou como base os vídeos e documentos das delações premiadas de executivos da Odebrecht e inclui apenas os políticos que receberam dinheiro da empresa. Políticos citados na chamada "lista de Fachin" negam as irregularidades.

Os documentos foram entregues ao Ministério Público Federal (MPF) pelo delator Luiz Eduardo Soares, que atuou no Setor de Operações Estruturadas – como era chamado o departamento de propinas da empreiteira.

Abelha - Francisco Appio, ex-deputado estadual (PP-RS)
Alemão - Carlos Todeschini (PT-RS)
Aliado ou Gremista Marco Maia, deputado federal (PT-RS)
Angorá, Bicuíra ou Fodão - Eliseu Padilha, ministro (PMDB-RS)
Aquático - João Fischer (Fixinha), deputado estadual (PP-RS)
Avião - Manuela D'Ávila, deputada federal (PC do B-RS)
Balzac Yeda Crusius, deputada federal (PSDB-RS)
Bocão - Sandro Boka, ex-deputado (PMDB-RS)
Carmem - Fabiano Pereira, ex-deputado (PSB-RS)
Colorido - Fábio Branco, secretário estadual (PMDB-RS)
Coluna - Ana Amélia Lemos, senadora (PP-RS)
Contador - Paulo Ferreira, ex-tesoureiro do PT (PT-RS)
Correios - Alexandre Postal, deputado estadual (PMDB-RS)
Desesperado - Germano Rigotto, ex-governador (PMDB-RS)
Enteado - José Otávio Germano, deputado federal (PP-RS)
Escuro - Marco Alba, prefeito (PMDB-RS)
Eva - Adão Vilaverde, deputado estadual (PT-RS)
Fodinha - Frederico Antunes, deputado estadual (PP-RS)
Grenal - Valdir Andres, ex-prefeito (PP-RS)
Inferno - Ronaldo Santini, deputado estadual (PTB-RS)
Jangada - Luiz Carlos Busato, deputado federal (PTB-RS)
Montanha - Paulo Pimenta, deputado federal (PT-RS)
Pavão - Ivar Pavan, ex-deputado estadual (PT-RS)
Protegida - Lorena de Fátima Arrué Dias, candidata (PSDB-RS)
Solução - Maria do Rosário, deputada federal (PT-RS)
Trincaferro - Beto Albuquerque, deputado federal (PSB-RS)

➤OPINIÃO

De jararaca a crocodilo*

Não sobra pedra sobre pedra, mas Lula tinha cartão 
pré-pago milionário fora de campanha

Eliane Cantanhêde

O ex-presidente Lula tem razão ao dizer que “cai a máscara” de todo o mundo político, porque tudo é realmente esclarecedor, além de estarrecedor, nas delações da cúpula da Odebrecht. Mas que adjetivo usar para a “conta Amigo” da Odebrecht? Era uma saco sem fundo, um cartão pré-pago em favor de Lula e gerenciado pelo ex-ministro Antonio Palocci.

Na versão de Marcelo Odebrecht, tanto para o juiz Sérgio Moro quanto para os procuradores, eram R$ 40 milhões à disposição de Palocci, o “Itália” das planilhas, que enviava emissários com sacolas para sacar R$ 1 milhão, R$ 2 milhões, R$ 3 milhões – em espécie!

Mesmo quando entravam em campo ministros como Guido Mantega e Paulo Bernardo, quem dizia “sim” a operações, negociatas, pagamentos e saques era Palocci. Está claro que ele agia como tesoureiro pessoal de Lula. E, aliás, jamais revelou quem era o proprietário real do apartamento de R$ 7 milhões que foi o pivô de sua queda da Casa Civil.

Nos demais envolvidos, havia caixa 2 e/ou relação de causa e efeito entre doações de campanha e favorecimento à empresa em licitações ou votações no Congresso, mas Lula tinha um tratamento muito diferenciado, com um saldo livre, independentemente de campanhas, mais uma ajudazinha para seu filho, seu irmão, seu sítio... A Odebrecht comprou não um mandato, mas o próprio Lula.

Ao atingir tão profundamente Lula, que já é réu em cinco processos, as delações têm impacto decisivo em 2018. Com Lula na disputa, o cenário é um, excluindo outros candidatos à esquerda e deixando os demais girando em torno dele. Sem Lula, o cenário é outro, com um estouro da boiada à esquerda, ao centro e à direita, repetindo aquela multidão de candidatos de 1989, quando se deu o desastre Collor.

Aliás, o que é a Odebrecht? Um conglomerado empresarial, uma empreiteira, um banco ou uma fábrica de corrupção? Sabe-se agora onde foram parar R$ 450 milhões que fluíram para os políticos, mas falta explicar de onde vieram. E ainda tem OAS, Camargo Corrêa...

Os vídeos e áudios, transmitidos incansavelmente, são a maior aula de política brasileira jamais vista ou imaginada neste País, mas vocês já repararam a tranquilidade, a coloquialidade, com que Emílio e Marcelo Odebrecht descrevem esse roteiro macabro? Eles falam as coisas mais absurdas como se fosse um palitar de dentes, assim como os executivos da empresa se referem ao tal Setor de Operações Estruturadas como se fosse normal como o almoxarifado. Isso revela décadas de compra do poder, tanto que são listados todos os ex-presidentes vivos, Sarney, Collor, FHC, Lula e Dilma.

Não há um governo, um dos maiores partidos, um dos principais líderes que escapem do terremoto. Não parece sobrar pedra sobre pedra nas pré-candidaturas petistas nem tucanas nem peemedebistas para 2018, nem legitimidade para os atuais e ex-presidentes da Câmara e do Senado tocarem a reforma da Previdência.

A estratégia do Planalto e do mercado de tentar separar duas pautas para o País, uma da Lava Jato, outra do “Brasil real”, parece não ter resistido dois dias. Se o presidente Michel Temer cumpriu agenda normal na quarta-feira, ontem já gravou um vídeo para negar que tenha participado de um pedido de US$ 40 milhões para o PMDB em uma reunião em São Paulo: “Jamais colocaria minha biografia em risco”. Ele acusou o golpe.

Piada. Em nota, assessores de Dilma dizem que “todas as decisões do seu governo foram voltadas ao desenvolvimento do País, buscando o bem-estar da população, a partir do programa eleito nas urnas”. Uma frase, três piadas.

Guerra. Como as delações são em vídeos, as reações dos políticos (FHC, Temer, Renan...) também passaram a ser. É vídeo contra vídeo.

*Publicado no Portal Estadão em 15/04/2017