sexta-feira, 21 de abril de 2017

➤BOA NOITE!


Laura Branigan foi uma cantora norte-americana do tempo das discotecas, que nasceu em Lount Kiscono dia 3 de julho de 1957 e faleceu em East Quosque em 26 de agosto de 2004, com 47 anos.

Entre seus maiores sucessos está a música Gloria. Um vídeo de 1982 que selecionei para este feriado de sexta-feira, mostra um pouco do ambiente em que Laura reinou. 

É minha homenagem aos que curtiram as noitadas de som alto, luz negra e globos de luz nas discotecas da vida.


➤Violência na Venezuela

Fortes distúrbios deixam ao menos 11 mortos em Caracas

Número de óbitos nos últimos dias sobe para 20. ONGs denunciam repressão

Pelo menos 11 pessoas morreram em uma madrugada de fortes distúrbios em Caracas, elevando para 20 o número de óbitos em três semanas de manifestações contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. A cidade viveu uma noite de violência, principalmente em bairros populares como El Valle, 23 de Janeiro e Petare (considerada a maior favela da América Latina). Segundo confirmaram ONGs como o Programa Venezuelano de Educação e Ação em Direitos Humanos (Provea), manifestações civis foram reprimidas pela Guarda Nacional Bolivariana (GNB) e, em muitos casos, também atuaram os coletivos chavistas (grupos armados que defendem o governo).


Em um comunicado, o Ministério Público confirmou a morte de 11 pessoas e seis feridos "durante os atos de violência em El Valle", a sudoeste da capital venezuelana.

As imagens e vídeos da noite fatídica de Caracas estão circulando nas redes sociais e dirigentes opositores como Henrique Capriles, governador do estado Miranda, denunciaram a repressão. Os confrontos obrigaram até mesmo a evacuar um hospital infantil em El Valle, onde estavam internadas 54 crianças.

De acordo com o governo, o hospital foi atacado por grupos armados financiadas pela oposição, acusação desmentida pelas lideranças opositoras.
No passado, os bairros que foram cenário da violência representavam importantes bases de apoio para o chavismo. Hoje, segundo afirmou a analista política Argelia Rios, os setores populares estão cada vez mais insatisfeitos com o governo Maduro.

“Noite agitada nos setores populares de Caracas. Desmoronou-se definitivamente o mito de que os bairros são territórios revolucionários”, escreveu Argelia, em sua conta no Twitter.
Agência Globo

➤Notícias do feriado

STJ nega pedido de liminar para suspender processo de Adriana Ancelmo
A ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Maria Thereza de Assis Moura, negou o pedido de liminar feito pela ex-primeira dama do Rio de Janeiro, Adriana Ancelmo, que buscava a suspensão do processo em que é ré na 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
De acordo com o STJ, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) reconheceu a prevenção da 7ª Vara para o processamento e julgamento do caso da ex-primeira dama, concluindo pela existência de conexão entre os fatos imputados a Adriana Ancelmo no processo criminal decorrente da operação Calicute e os relativos a processos originários de duas outras investigações, em que supostamente também participavam integrantes da organização criminosa que atuava no esquema de corrupção no governo do Rio.
A ministra Maria Thereza de Assis Moura, entretanto, observou que o objetivo da medida liminar se confunde com a finalidade principal do recurso. Além disso, as questões levantadas pela defesa são complexas e exigem uma análise detalhada dos autos, o que, segundo a ministra, deve ser feito pelo órgão colegiado competente, juiz natural da causa.

Ex-presidente da OAS diz a Moro que Lula o orientou a destruir provas
José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, disse em depoimento ao juiz Sérgio Moro, nesta quinta-feira (20), que foi orientado pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva a destruir provas que pudessem incriminá-lo na Operação Lava Jato.
Pinheiro e Lula são réus na ação penal que envolve um triplex em Guarujá, no litoral de São Paulo. De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, três contratos da OAS com a Petrobras originaram propina ao ex-presidente. Essa vantagem indevida teria ocorrido por meio da reserva e reforma do triplex e do custeio do armazenamento dos bens do ex-presidente.
"Eu tive um encontro com o ex-presidente, em junho, tenho isso anotado na minha agenda, são vários encontros, onde o presidente textualmente me fez a seguinte pergunta [Lula]: 'Léo, o senhor fez algum pagamento a João Vaccari no exterior?' Eu [Léo] disse: ‘Não, presidente, nunca fiz pagamento a essas contas que nós temos com Vaccari no exterior’. [Lula]: ‘Como você está procedendo os pagamentos para o PT?’. 'Através do João Vaccari.
[Léo] Estou fazendo os pagamentos através de orientações do Vaccari de caixa 2, de doações diversas que nós fizemos a diretórios e tal'. [Lula]: 'Você tem algum registro de algum encontro de contas feitas com João Vaccari com vocês? Se tiver, destrua'”.

Mais um morto nas manifestações contra Maduro
Um homem morreu ao ser atingido por tiros na quinta-feira (21) à noite durante um protesto na área de Petare em Caracas, informou o prefeito da cidade.
"Com muita dor informo a morte por impacto de bala de Melvin Guaitan, humilde trabalhador, morador de Sucre - Petare", escreveu no Twitter Carlos Ocariz, prefeito do município de Sucre, onde fica Petare.
"Melvin foi assassinado na entrada do Bairro 5 de Julho durante o protesto esta noite. Exigimos que se investigue e castigue os culpados!", completou o prefeito, que faz oposição ao governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

➤OPINIÃO

Lula será preso*  

À luz da razão, não há como ele escapar 
da Justiça. Mas haverá razão?

David Coimbra

Lula será preso. Não há como não ser. Os depoimentos dos delatores da Odebrecht expõem de tal forma as relações promíscuas do ex-presidente com a empreiteira, que tornam impossível sua absolvição, mesmo num país tolerante ao cinismo, como é o Brasil.

Lula era quase que um funcionário da Odebrecht. E provavelmente mantinha relacionamentos semelhantes com outras empresas, como a OAS e a Andrade Gutierrez.

Ele ter feito isso, justamente ele, é uma tragédia para o Brasil. Porque o maior de todos os crimes de corrupção é aquele cometido por quem pediu voto. Lula passou a vida inteira pedindo voto, passou a vida inteira fazendo juras e promessas, garantindo à população que merecia a sua confiança. Essa foi a vida de Lula.

Emílio Odebrecht, com toda a sua desfaçatez, com aquela suave insolência que demonstra nos depoimentos, ao lado de um advogado de defesa risonho e silencioso, Emílio Odebrecht, mesmo tendo admitido tudo o que fez, durante todo o tempo que fez, esse Emílio Odebrecht que quase debocha de todos nós é digno de mais complacência do que Lula. Porque Emílio Odebrecht jamais implorou pelo voto da população.

Lula, sim.

Lula implorou. Lula ganhou. Lula traiu.

Qualquer um que faça um exame racional do que está acontecendo no país chegará à conclusão de que Lula tem de ser condenado e, por consequência, preso.

Mas será que existe essa racionalidade no Brasil?

Lula virou uma espécie de santo malandro, um tipo divertido e cheio de recursos que viceja no imaginário nacional. Mário de Andrade identificou bem esse herói da alma brasileira ao construir Macunaíma, que, em vez de gritar "Shazam!" ou "Pelos poderes de Grayskull!", suspirava:

– Ai, que preguiça...

Os nossos grandes personagens da TV e do cinema são parecidos: o Didi Mocó, de Renato Aragão; o Bronco, de Ronald Golias; o Agostinho, da Grande Família. Pode escolher. Há dezenas de tipos manemolentes, de alegria constante e moral inconstante, que encantam o brasileiro. E não é só o brasileiro da TV aberta e do vale-refeição, nada disso. Quem mais se deixa fascinar pelo "ex-pobre que venceu pela esperteza" é a intelectualidade. Para o luminar de esquerda, Lula fala a inescrutável "linguagem do povo", Lula tem um conhecimento íntimo das engrenagens e roldanas da nação que ele, luminar de esquerda, jamais alcançará. É algo além da razão, instintivo, animalesco. Coisa de pobre para pobre. Não por acaso, o maior artista brasileiro e maior apoiador de Lula, Chico Buarque, é, também, autor de uma histórica Ópera do Malandro. Lula poderia ser o tenor da Ópera do Malandro de Chico.

Lula, esse personagem escorregadio, pleno de artimanhas, capaz de se jactar em público de ter erguido um estádio para o seu time do coração com dinheiro do empreiteiro amigo, capaz de mobilizar CUTs, Calheiros e Collors, capaz de seduzir estudantes de barba rala e padres venerandos da Teologia da Libertação, capaz de, em suas palavras, eleger um poste para a Presidência da República, Lula perderá sua auréola de santo malandro? O Brasil compreenderá que não precisa de santos malandros? Ou, com a queda de um santo, logo outro será levantado em seu lugar?

Não é simples ser brasileiro.

*Publicado no clicRBS em 21/04/2017

➤BOM DIA!

Fala, Palocci!*

A defesa, o sítio e o triplex de Lula desabam 
e o foco se desloca para Palocci

Eliane Cantanhêde

Léo Pinheiro é a pá de cal na defesa do ex-presidente Lula, mas a bola da vez é o seu ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que conseguiu a proeza de despencar não de um, mas de dois governos diferentes, e continuou aprontando das suas com uma desenvoltura tão surpreendente quanto seu inalterável ar de bom moço, até cair nas garras da Lava Jato e ser considerado hoje o futuro delator com potencial mais explosivo.

Em suas delações ao juiz Sérgio Moro e aos procuradores, Marcelo Odebrecht contou que era ele, Palocci, quem administrava a conta “Amigo” na empreiteira, um cheque em branco que abastecia as vontades e luxos da família Lula da Silva. E, no relato dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura, os acertos de valores, prazos e formas de pagamento para, primeiro, salvar a imagem do presidente Lula e, depois, os votos do candidato Lula, após o mensalão, foram feitos diretamente no gabinete da Fazenda.

Palocci, aliás, foi preso em setembro do ano passado sob a suspeita de ter favorecido a Odebrecht numa medida provisória sobre benefícios fiscais, numa licitação da Petrobrás para compra de navios-sonda, num financiamento do BNDES para obras da empreiteira em Angola e na doação de um terreno para o Instituto Lula.

Em sendo assim, Palocci tinha múltiplas personalidades: era ministro da Fazenda e ditava a política econômica, mas ao mesmo tempo lobista da Odebrecht, operador financeiro do PT e gerente da conta de Lula naquele banco da empreiteira chamado de Setor de Operações Estruturadas. Era três em um, ou melhor, quatro, cinco ou seis em um.

Palocci começou cedo. Basta olhar para as fotos dele cercado por seus assessores na prefeitura de Ribeirão Preto para perceber que havia algo errado. Bonachão, com seu ar e seus óculos de aluno estudioso, era cercado por figuras que acabaram encalacradas na justiça.

Mas Palocci pousou em Brasília com os ventos alvissareiros da primeira eleição de Lula. O médico que assumia a Fazenda. O ex-prefeito com aura de competência. O hábil que driblou vários concorrentes e ficou lado a lado do presidente. O pragmático que jogou no lixo as teses econômicas do PT e virou o queridinho do mercado – e da mídia.

A primeira surpresa de quem não conhecia as histórias de Palocci em Ribeirão foi saber de uma casa alugada no bairro mais nobre de Brasília, onde eram dadas festas de arromba e havia um estranho trânsito de malas de dinheiro. E ele não teve o menor prurido em usar seus poderes para quebrar o sigilo do caseiro que contara detalhes sobre a casa subitamente famosa.

Palocci desabou da Fazenda de Lula, mas ressurgiu igualmente poderoso na campanha de Dilma Rousseff em 2010 e dali para a Casa Civil. E desabou de novo, por não explicar a compra de um apartamento de R$ 7 milhões, que era dele, mas não era dele, cheio de mistérios. Não se sabe se ele aprendeu com Lula, ou se Lula aprendeu com ele...

É assim, com essa trajetória tão atribulada, sua relevância no centro do poder e agora seu desconforto em sete meses de prisão, que Palocci se torna a bola da vez. Ainda há muito o que contar sobre Lula e os governos petistas, mas o grande terreno a ser desbravado não é do lado corrupto, mas do lado corruptor. O que se sabe do sistema financeiro na Lava Jato?

Em seu depoimento desta quinta-feira, 20, a Sérgio Moro, o ex-ministro foi de uma gentileza que raiou a sabujice ao se oferecer como delator: “Se o sr. estiver com a agenda muito ocupada, a pessoa que o sr. determinar, eu imediatamente apresento todos esses fatos, com nomes e endereços, para um ano de trabalho”. Os investigadores esfregam as mãos, os investigados entram em pânico.

*Publicado no Portal Estadão em 21/04/2017