terça-feira, 5 de setembro de 2017

➤Organização criminosa

Janot denuncia Lula, Dilma e mais seis

Foram denunciados também Antonio Palocci, Guido Mantega, Gleisi 
Hoffmann, Paulo Bernardo e Edinho Silva e João Vaccari Neto


O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou nesta terça-feira, 5, denúncia criminal contra políticos do PT por formação de uma organização criminosa para atuar no esquema de corrupção na Petrobrás. Entre os denunciados ao Supremo Tribunal Federal (STF) estão os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e cinco ex-ministros.

Esta é a segunda denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra políticos no ramo de investigação conhecido como “quadrilhão” – que apurou a organização entre políticos e operadores para atuar na petrolífera. Na semana passada, Janot denunciou políticos do PP, que é hoje a quarta maior bancada da Câmara dos Deputados.

Entre os denunciados estão ainda Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil), Guido Mantega (Fazenda), Edinho Silva (Comunicação), Paulo Bernardo (Comunicação e Planejamento) e Gleisi Hoffman (Casa Civil). E ainda o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

A nova denúncia acusa recebimento de R$ 1,48 bilhão em propinas pelos petistas, no esquema de desvios na Petrobrás.

A investigação foi aberta na primeira leva de inquéritos pedidos por Janot ao STF na Lava Jato, em março de 2015. No meio do caminho, contudo, a própria PGR pediu para fatiar a investigação em 4 ramos: PP, PMDB do Senado, PMDB da Câmara e PT.

Informações prestadas pelos primeiros delatores – Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa – deram origem à investigação, que foi enriquecida com as novas colaborações premiadas firmadas de lá pra cá, como a da Odebrecht.
Veja/Estadão

➤BOA NOITE!



Sérgio Bittencourt foi um compositor e jornalista brasileiro. Filho de Jacob do Bandolim, foi criado em volta dos chorões e das rodas de choro. Quando seu pai Jacob morreu, Sérgio Bittencourt compôs um dos sambas que podem ser considerados clássicos da música brasileira, Naquela Mesa.

A gravação que selecionei para hoje é uma das mais belas interpretações do samba de Bittencourt, com Nelson Gonçalves cantando Naquela Mesa.




➤Geddel Vieira Lima

PF encontra bunker da propina


A Polícia federal deflagrou hoje, 5/9, a Operação Tesouro Perdido, com vistas a cumprir mandado de busca e apreensão emitido pela 10ª Vara Federal de Brasília.

Após investigações decorrentes de dados coletados nas últimas fases da Operação Cui Bono, a PF chegou a um endereço em Salvador/BA, que seria, supostamente, utilizado por Geddel Vieira Lima como “bunker” para armazenagem de dinheiro em espécie. Durante as buscas foi encontrada grande quantia de dinheiro. Os valores apreendidos serão transportados a um banco onde será contabilizado e depositado em conta judicial.

Geddel foi preso em julho acusado de participar de esquema ilegal de liberação de recursos na Caixa. Ele foi vice-presidente do banco durante a gestão Dilma Rousseff. No governo Temer, Geddel foi ministro da Secretaria de Governo, responsável pela articulação política do Palácio com o Congresso, pela distribuição de cargos e de emendas parlamentares. Desde 12 de julho, o ex-ministro está em prisão domiciliar sem o uso de tornozeleira eletrônica por ordem do desembargador Ney Bello. Filiado ao PMDB, Geddel é próximo ao presidente Temer.

Com IstoÉ/Conteúdo

➤Carne Fraca

Miller teria enviado texto à JBS

O ex-procurador da República Marcelo Miller, auxiliar próximo de Rodrigo Janot que deixou o Ministério Público neste ano para atuar em um escritório de advocacia que atende ao grupo J&F – controlador da JBS – teria enviado "extensa mensagem" para a empresa quando foi deflagrada a Operação Carne Fraca, no dia 17 de março.

Naquele momento, Miller estaria tentando "justificar a situação" que teve a JBS como um dos principais alvos da Polícia Federal. Como informou o blog nesta segunda (5), o ex-procurador poderá responder pelo crime de exploração de prestígio, previsto no Código Penal.

Miller deixou o Ministério Público neste ano para atuar em um escritório de advocacia que atende a JBS, mas seu nome aparece em áudio gravado por executivos da empresa quando ele ainda era procurador da República. Na conversa, a suposta mensagem sobre a Carne Fraca teria sido citada.

 A Procuradoria-Geral da República investiga se os delatores da JBS, entre eles o empresário Joesley Batista e o executivo Ricardo Saud, foram ajudados pelo ex-procurador na elaboração de anexos da delação premiada da JBS, uma das mais importantes da Lava Jato.

Em nota enviada à TV Globo, Marcello Miller disse que tem convicção de que não cometeu qualquer crime ou ato de improbidade administrativa e informa que está à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos.

Joesley diz que não vai depor

O empresário Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, informou à Polícia Federal (PF) que não irá comparecer no depoimento marcado para esta terça-feira (5) na superintendência da corporação, em Brasília, para tratar das operações Bullish e Greenfield.

O encontro havia sido marcado antes da abertura da investigação na Procuradoria Geral da República (PGR) para apurar a omissão de informações na delação premiada do dono do grupo J&F, controlador do frigorífico JBS, e de outros colaboradores da empresa.

(Blog do Matheus Leitão)

➤OPINIÃO

Delação da JBS por um fio*

Temer deixa de ser o único alvo, PGR entra no 
próprio foco, Joesley está frito

Eliane Cantanhêde

O presidente Michel Temer é o principal beneficiário da reviravolta nas delações da JBS, porque deixou de ser o alvo solitário das flechadas do procurador Rodrigo Janot, que o trata como o principal líder do “PMDB da Câmara” e se preparava (ou se prepara) para denunciá-lo como líder de organização criminosa. 

Se Janot tinha “obsessão” por Temer, agora está às voltas com a rescisão total ou parcial do acordo com os irmãos Joesley e Wesley Batista e com o envolvimento de seu antigo braço direito, Marcello Muller, em “crimes gravíssimos”. A PGR entrou no próprio foco, Temer ganhou algum refresco, os irmãos Batista conquistaram um inimigo implacável.

O ex-procurador Miller saiu da PGR direto para o escritório de advocacia que atendia justamente a JBS. Significa, na prática, que ele colheu todas as informações privilegiadas na PGR e foi negociá-las com o investigado. Ou seja, foi usá-las para ganhar dinheiro com a defesa de quem ele antes acusava. É grave e deixa Janot numa situação no mínimo constrangedora. O tom de Janot em relação a Miller, definitivamente, não foi de amigo.

As quatro horas de gravação, porém, não complicam apenas a vida de Marcelo Miller, mas também a de um ministro do Supremo Tribunal Federal e a de um parlamentar com mandato. Ou seja: se o Brasil inteiro estava em suspense, esperando a flechada mortal de Janot contra Temer, passou a esperar uma nuvem de flechadas contra os três Poderes e a própria PGR.

Apesar disso, e de Temer estar saindo do foco, ou ao menos dividindo o foco com personagens ilustríssimos, é importante destacar a ressalva repetida várias vezes por Janot, durante o pronunciamento de ontem à noite: Joesley e Wesley Batista podem perder os benefícios da delação, em parte ou totalmente, mas as provas que eles entregaram – inclusive as gravações contra Temer – continuam plenamente válidas.

Os irmãos Batista já tinham contratado um excelente, e caro, escritório de advocacia já temendo ou prevendo que as benesses do acordo correriam risco. Agora, não é apenas risco. A delação está por um fio. Segundo Janot, que fez enfática defesa do instituto da colaboração premiada, mas deixou evidente a intenção de punir os donos da JBS, “não se pode ludibriar impunemente o MP e o Poder Judiciário”. É disso que Joesley e Wesley Batista estão sendo acusados.

Para piorar a situação dos irmãos, que ainda enfrentam questionamentos da Polícia Federal, da CVM e do MPF do Distrito Federal, eles já tinham perdido a guerra da opinião pública. A percepção generalizada é que o procurador Janot e o relator da Lava Jato no Supremo, Edson Fachin, foram precipitados. 

Janot fechou a delação em cima da famosa gravação de Joesley com Temer, sem exigir revelações sobre como enriqueceu no governo Lula, à custa do BNDES. Fachin não pensou duas vezes em homologá-la, sem ao menos pedir uma perícia oficial e especializada. Um espanto.

Na ânsia de “pegar” o presidente da República a qualquer custo, eles teriam sido excessivamente camaradas com os irmãos Batista. Um dos pontos centrais é que dos donos da JBS não foram classificados como “chefes de quadrilha”, caracterização que os impediria de receber benefícios da colaboração premiada. 

Ministros do próprio Supremo sempre questionaram isso, já que a JBS era tão fábrica de corrupção quanto a Odebrecht. Mas o tratamento foi completamente diferente. Enquanto Joesley Batista esfregava na cara da sociedade seu apartamento milionário em Nova York, seu jato de última geração e sua lancha de cinema, entrando e saindo à vontade do País, Marcelo, o herdeiro dos Odebrecht, amarga uma prisão inóspita há dois anos. A opinião pública, certamente, torce pela revisão das benesses. E não se descarta a prisão iminente de Joesley Batista.

*Publicado no Portal Estadão em 05/09/2017

➤DESTAQUES



Delação da JBS
O advogado do presidente Michel Temer, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, disse que pedirá hoje ao ministro Luiz Edson Fachin, do STF, acesso aos novos áudios da delação da JBS. As novas gravações foram entregues à PGR na última quinta (31).

Delação da JBS – 2
Delação da J&F era 'extremamente problemática', diz Gilmar Mendes. Para ministro, pressa da Procuradoria-Geral da República teria gerado acordo falho e investigações precárias.

Delação da JBS – 3
Áudios de Joesley citam ex-ministro Cardozo.  Conversas revelam que empresário e Saud contavam com a ajuda do titular da pasta da Justiça do governo Dilma.

Delação da JBS – 4
Fachin vai decidir sobre sigilo de gravação que pode anular delação da JBS.  Áudio com conteúdo que pode comprometer acordo de delação já está com ministro do STF.

Lava Jato
Mais uma fase da Lava Jato no Rio de Janeiro. Os alvos: Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, o empresário conhecido como 'Rei Arthur' e a ex-sócia dele, Eliane Pereira Cavalcante. Nuzman é alvo de mandados de busca e apreensão. Já 'Rei Arthur' e Eliane são alvos de mandado de prisão.

Reforma política
PEC que prevê o fim das coligações e a criação de uma cláusula de barreira segue na pauta da Câmara dos Deputados.

Lula sabia
Em depoimento a Moro, Marcelo Odebrecht diz que Lula sabia da planilha "italiano".

Parcelamento
Servidores do RS podem receber parcela ainda menor de salário nos próximos meses. Primeira parcela do salário de agosto, paga na última quinta-feira, chegou a R$ 350, o menor valor inicial desde que o começo do parcelamento.

Corrupção
Ezequias, Luiz Abi e Deonilson operaram caixa 2 de Richa, diz delator. Segundo dono de construtora envolvida no escândalo de desvio de dinheiro para construção de escolas, R$ 12 milhões foram repassados à campanha de reeleição do governador em 2014.

Economia
Indústria cresce 0,8% entre junho e julho deste ano. A produção industrial brasileira cresceu 0,8% na passagem de junho para julho deste ano. Esta é a quarta alta consecutiva do indicador nesse tipo de comparação.

10 mortos
Quadrilha, que antes assaltava bancos, já tinha invadido 20 casas no Morumbi.  Segundo investigações feitas ao longo de meses, grupo desbaratado anteontem não tinha integrantes fixos e roubava residências no bairro desde 2010, chegando a obter valores milionários; entre os dez mortos, nove tinham passagem pela polícia.

Perigo de guerra
EUA pedem 'as medidas mais duras possíveis' contra Coreia do Norte.  No limite da tensão, país pediu maiores sanções ao país para que assunto se resolva de forma diplomática.

Futebol
Eliminatórias – América do Sul
17 horas: Bolívia x Chile
17h30: Colômbia x Brasil
18 horas: Equador x Peru
20h30: Argentina x Venezuela
21 horas: Paraguai x Uruguai

Previsão do tempo
Tempo seco, com muito sol, na maior parte do país. Há risco de queimadas no Centro-Oeste. Chove no Sul, no litoral da BA e SE e no extremo Norte.
G1/clicRBS/Estadão/IG/O Globo/Gazeta do Povo/Agência Brasil/Correio do Povo/Veja/

➤Olimpíada 2016

PF faz buscas na casa de Nuzman

Presidente do COB está sob suspeita em investigação 
iniciada na França sobre propina de US$ 1,5 milhão


A Polícia Federal faz buscas nesta terça-feira, 5, contra o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, na Operação Unfair Play. O executivo está sob suspeita de investigação iniciada na França sobre propina de US$ 1,5 milhão.

Nuzman foi intimado a depor nesta terça. A investigação mira na compra de votos para a escolha do Rio como sede da Olimpíada 2016.

A Unfair Play foi deflagrada pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pela Receita contra “um esquema criminoso envolvendo o pagamento de propina em troca da contratação de empresas terceirizadas por parte do Governo do Estado do Rio de Janeiro”.

Um procurador francês acompanha a operação, que cumpre outros mandados. As ordens judiciais foram expedidas pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio.

O empresário Artur de Menezes e Eliane Cavalcante, sua sócia, são alvos de mandado de prisão.

Carlos Arthur Nuzman - Foto: Divulgação
Em nota, a PF informou que setenta policiais federais cumprem dois mandados de prisão preventiva e onze mandados de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal/RJ, na cidade do Rio de Janeiro (Leblon, Ipanema, Lagoa, Centro, São Conrado, Barra da Tijuca e Jacaré), no município de Nova Iguaçu/RJ e em Paris/França.

Segundo a PF, as investigações, iniciadas há nove meses, apontam que os pagamentos teriam sido efetuados tanto diretamente com a entrega de dinheiro em espécie, como por meio da celebração de contratos de prestação de serviços fictícios e também por meio do pagamento de despesas pessoais. Além disso, teriam sido realizadas transferências bancárias no exterior para contas de doleiros.

O fatos apurados indicam a possibilidade de participação do dono das empresas terceirizadas em suposto esquema de corrupção internacional para a compra de votos para a escolha da capital fluminense pelo Comitê Olímpico Internacional como sede das Olimpíadas 2016, o que ensejou pedido de cooperação internacional com a França e os Estados Unidos.

Os presos serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Agência Estado

➤Áudio-bomba

Ex-procurador atua para JBS e cita ministro do STF

Conversa entre os delatores Joesley Batista e Ricardo Saud 
gerou abertura de investigação na PGR que pode cancelar acordo 
de colaboração premiada

Procurador Marcelo Miller - Foto: Agência Brasil/Reprodução
O áudio-bomba que levou o procurador-geral da República Rodrigo Janot a determinar a abertura de investigação contra delatores do grupo J&F, controlador da JBS, por suposta omissão de informações, comprovaria que o ex-procurador da República Marcelo Miller atuava para o grupo antes de se exonerar do cargo.Tal conduta configuraria, em tese, crime e ato de improbidade administrativa. Também citaria um membro do Supremo Tribunal Federal (STF), mas não ficou claro em que circunstância. “Os áudios são gravíssimos”, disse Janot.

Miller foi citado na conversa entre o empresário Joesley Batista e o executivo da J&F Ricardo Saud, gravada em 17 de março, cujo áudio foi anexado por equívoco pela defesa dos delatores da JBS em documentos enviados à Procuradoria-Geral da República (PGR) na semana passada.

O ex-procurador foi contratado logo depois de deixar o Ministério Público Federal (MPF) para atuar no escritório Trench, Rossi & Watanabe, responsável na época por negociar os termos da leniência da JBS. Até pouco antes, ele integrou o grupo de trabalho de Janot, responsável pela Lava Jato.

Joesley Batista - Foto: Reprodução
A conversa entre Joesley e Saud foi gravada no dia em que foi deflagrada a Operação Carne Fraca. Não fica claro se o sócio e o executivo da JBS sabiam que estavam sendo gravados. Em tom de bravata, eles aludem a informações passadas por Miller, já deixam claro que estavam construindo uma proposta de delação premiada e fazem até manifestações chulas sobre aspectos da vida pessoal de várias pessoas.

O áudio explosivo, que pode levar à anulação dos benefícios de delatores e até da própria delação do grupo, foi incluído num rol de novos documentos que a defesa entregou na quinta-feira (31). O acordo previa prazo de 120 dias, a partir da homologação, para que os colaboradores reunissem e entregassem “elementos de provas” sobre os depoimentos prestados em abril perante a PGR para que não fossem acusados de omissão.

Constam do vasto material entregue à PGR diversos áudios, entre eles o que implicaria Miller. “Apesar de partes do diálogo trazerem meras elucubrações, sem qualquer respaldo fático, inclusive envolvendo o Supremo Tribunal Federal e a própria Procuradoria-Geral da República, há elementos que necessitam ser esclarecidos”, diz Janot.

Marcelo Miller pediu exoneração em fevereiro, mas só a efetivou em 5 de abril. Na data da conversa, Joesley já havia gravado a conversa com o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu. O encontro ocorreu em 7 de março. Agora, a PGR tem evidências de que Miller ajudou a formatar o encontro e a orientar Joesley a gravar o presidente.

Em despacho de três páginas já encaminhado ao STF, Janot informa que enviou o áudio no qual foi verificado um suposto ato ilícito de Miller. Na petição, o procurador-geral pede que o ministro do STF Edson Fachin, relator do caso na Corte, decida a respeito do sigilo dos diálogos “que tratam da vida privada e íntima de terceiros que não interessam à investigação de fatos criminosos tampouco das possíveis omissões deliberadas dos colaboradores”, requer. Segundo o procurador-geral, os diálogos têm trechos que envolvem “direito à personalidade e à intimidade” de agentes da PGR e do próprio STF.

Ele encaminhou também o despacho no qual determinou a abertura de um procedimento administrativo de revisão da colaboração premiada de três dos delatores da JBS: Joesley Batista, Ricardo Saud e Francisco de Assis e Silva.

Janot diz que o áudio da conversa dos delatores que indica que Marcelo Miller “teria atuado em favor dos colaboradores Joesley Batista e Ricardo Saud antes de se exonerar da sua função de membro do Ministério Público Federal” e que tal fato “não foi trazido por quaisquer dos colaboradores por ocasião da assinatura do acordo em 03/05/2017”, o que indica uma possível omissão.

Ricardo Saud - Foto: Reprodução
O procurador-geral também afirma que “Saud declarou possuir conta no exterior, mais especificamente no Paraguai, a qual não havia declarado quando da assinatura do acordo”, como outro elemento que deve ser apurado além da conduta de Miller.

Pelo acordo, o colaborador premiado fica obrigado a falar sobre todas as condutas criminosas de que tem conhecimento. na coletiva que deu á imprensa, Janot esclareceu que uma eventual revisão do acordo não implica nulidade de provas já produzidas em investigações, mas pode ter reflexos na premiação, inclusive com a perda total dos benefícios.

A assessoria de imprensa do grupo J&F, controlador do frigorífico JBS, divulgou nota em que diz que sua defesa considera precipitada a interpretação da PGR sobre os novos áudios dos delatores do grupo empresarial.

“A defesa dos executivos da J&F junto ao Ministério Público Federal informa que a interpretação precipitada dada ao material entregue pelos próprios executivos à Procuradoria-Geral da República será rapidamente esclarecida, assim que a gravação for melhor examinada. Conforme declarou a própria PGR, em nota oficial, o diálogo em questão é composto de “meras elucubrações, sem qualquer respaldo fático. Ou seja, apenas cogitações de hipóteses – não houve uma palavra sequer a comprometer autoridades”, diz a nota.

“É verdade que ao longo do processo de decisão que levou ao acordo de colaboração, diversos profissionais foram ouvidos – mas em momento algum houve qualquer tipo de contaminação que possa comprometer o ato de boa fé dos colaboradores.”
Gazeta do Povo/Agência Brasil